27 de out. de 2009

Hora de jogar a toalha


Jennifer e Brad formavam um casal incrível. Ela era aquele tipo de mulher linda, para casar. Ele, simplesmente uma coisa. Ricos, famosos, viviam numa mansão fantástica, tinham a vida que qualquer mortal pediu a deus.
Uma noite, Brad chega em casa animadaço. Vou fazer um filme de ação. Acabei de pegar o script. Serei um matador de aluguel.
Jennifer já imaginou aquelas cenas com muita adrenalina e sua única preocupação foi: vai ter dublê, né? Você não vai se estropiar naquelas cenas de explosões?
Claro que não, bobinha. Sabia que você fica linda quando se preocupa comigo? Se beijaram, brindaram, tiveram uma noite tórrida. Tórrida não é uma palavra que combina com uma boa moça como Jennifer. Ela diria que foi tudo lindo.
Na manhã seguinte ele estava no banho e ela, ainda na cama, decidiu passar os olhos pelo script e ler algumas falas de um filme de ação. Curiosidade pura. Afinal, ela dominava mesmo os diálogos de sitcoms e comédias românticas. As falas de Brad estavam destacadas em verde. As do seu par romântico, em laranja. Amor, a Angelina que vai fazer a sua esposa no filme é alguma atriz novata (diz que sim, diz que sim, diz que sim)? Ele respondeu, como se nada fosse: não, acho que você conhece. É a Angelina Jolie…
Jennifer sentiu um arrepio subindo pela espinha. O problema nem era a Angelina Jolie porque todo mundo estava careca de saber que ela gosta de mulheres. O problema foi aquele jeito displicente de falar. Ninguém na face da terra diria: “Acho que você conhece a Angelina Jolie". Como assim “acho”? Qualquer criança da África conhece a Angelina Jolie. Tem muita mulher confusa dizendo que não gosta de mulher mas pegaria a Angelina Jolie. Como é que Jennifer não saberia quem é Angellina Jolie? Mas calma. Se é para ser displicente, eu também sei ser, pensou Jennifer. E tascou, meio blasé: A da boca? Brad respondeu: Boca? Que boca? Vocês mulheres reparam em cada coisa.
Pronto. A partir deste momento Jennifer teve certeza: acabou para mim. As mulheres sempre sabem destas coisas. O final desta história, eu, você e qualquer bebê cambojano sabemos.
Jennifer simplesmente não podia fazer mais nada.

6 de out. de 2009

Movimento Curly


Como é mesmo o nome daquele cara que senta ao lado da moça de cabelo grande?
Ouvi isso hoje cedo e pensei: pera aí, a moça de cabelo grande sou eu? Era.
Fodeu. Virei ponto de referência.
Exatamente como acontecia com os gordinhos, anões e outras pessoas consideradas “diferentes”, ter cabelos cacheados agora é fora do padrão.
Os cacheados do mundo decidiram aderir à auto-enganação dos alisamentos-progressivos-e-artificiais-para-caralho e simplesmente fingem que são lisos desde que nasceram. Por conta disso, eu, Gabriela e Tereza Batista Cansada de Guerra é que pagamos o pato.
E a tendência é só piorar. Em pouco tempo nós vamos virar tema de piadas do Ary Toledo, junto com o papagaio, o português, o judeu e o fanho.
As pessoas enlouqueceram? Assumam esses cachos. Parem já de passar formol nos cabelos. Sorry, esse seu liso é fake. Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor. Vamos bater esse cabelão, dar um volume, transar uma presilha. E brilhar.
Tomara que chova muito e que a chapinha de vocês vá toda por água abaixo. Bando de vira-casacas.