Quando decidi o título deste post resolvi fazer uma pesquisa rápida sobre a origem da expressão De Araque. Adoro descobrir estas coisas. Só encontrei uma resposta que deve ser verdadeira porque faz muito sentido. Araq é o nome de uma bebida árabe, destilada e derivada da seiva de palmeira ou de arroz, aromatizada e com altíssimo teor alcoólico. Por isso a conversa vira de araq ou de araque (aportuguesando) quando se bebe muito e já não se sabe o que se diz.
Toda mulher tem uma (ou mais) amiga filósofa de araque, que tem milhares de teorias sobre a vida. Teorias totalmente vazias e que parecem pinçadas de um folhetim ou de algum diálogo das novelas da Janete Clair (gênia) dos anos 70. Que fizeram sentido para as donas de casa daquela época e continuam sendo repetidas até hoje.
Por exemplo: alguém está na maior deprê porque terminou com o namorado. A amiga filósofa de araque entra em cena e tasca um: Não fica assim porque se terminou é porque não era para ser. Tem coisa mais conformista neste mundo? Éla é do bem, claro que quer dar uma força, mas acaba dizendo o mesmo que esquece, não adianta lutar pelo bofe, caso perdido, joga já essa toalha. E já emenda na próxima frase-chavão que sempre vem coladinha com esta primeira: As coisas acontecem quando têm que acontecer. Como elas adoram esta. Ou seja: pode esperar sentada porque o que é seu está guardado. Você não precisa mover uma palha para conquistar o seu amor. Ele vai chegar na hora certa. Tipo vinte para as três.
Outra que me dá coceira mas eu vivo escutando é: quando a gente está procurando um amor, aí é que ele não aparece. Gente, baseado no que mesmo? Claro que é uma delicia ser absolutamente arrebatada por um amor que você nunca imaginou que poderia surgir, mas qual é o problema de querer alguém? De sair de casa a fim de beijar na boca, de preferência um cara que seja bem bacana e que possa vir a ser um namoradinho. Por que não? Porque a filósofa leu em algum livro (olha isso) que os homens sentem uma vibração quando a mulher está querendo namorar. E isso faz com que eles se afastem.
Gata: os homens não percebem quando as mulheres fingem orgasmos. Vão perceber vibração subliminar? Ora, faça-me o favor.
E a bronca não é para a amiga filósofa, não. É para quem dá ouvidos para estas tolices e deixa de procurar, de tentar, de se expôr e de eventualmente quebrar a cara porque acredita em destino, em timing perfeito e em horóscopo de jornal. A vida é muito mais simples do que isso. E me dá mais uma dose desse araq que agora eu empolguei. Dupla, por gentileza.
Eu gosto da palavra bacanérrimo desde a primeira vez que ouvi. Desde então, uso mesmo. Sinceramente, este foi o único critério para escolher o nome do meu blog. Gosto de escrever mas tenho vergonha de mostrar o que escrevo. Então decidi ficar escondida atrás de uma URL simpática. E esperar que alguma coisa que eu escreva aqui vire spam e chegue um dia por e-mail, como se fosse um texto do Luiz Fernando Veríssimo. Ui, seria a glória.
26 de mar. de 2008
22 de mar. de 2008
Tube Poker
Toda vez que eu entro no metrô de Londres, posso ser uma carta no baralho de um jogador de Tube Poker.
Não entendeu nada? Eu descobri isso ontem assistindo um programa na Current TV. Achei simplesmente o máximo.
É uma mania que está tomando conta do metrô daqui e de várias partes do mundo. Basta o trem ter aqueles assentos de 5 lugares, uns de frente para os outros e as apostas podem começar.
Veja as regras do jogo: você e um amigo desocupado, ou melhor, um adversário, entram numa estação de metrô, escolhem um vagão e decidem quantas estações vai durar o jogo. Começa na próxima estação e termina daqui a 7. É um jogo de pôquer normal com uma diferença: as cartas são as pessoas que entram e ocupam estes acentos de 5. Se for homem é valete, se for mulher é dama. Homens e mulheres mais velhos são reis. Ganha quem tiver a melhor combinação de cartas/pessoas ao final das 7 estações. Se tiver 3 homens e 2 mulheres (ou vice-versa) você tem um full. E tem que torcer para ninguém levantar o traseiro do seu jogo até a estação final. O que é praticamente impossível e torna o jogo mais emocionante e imprevisível. Tem que torcer também para nenhum tipo parecido com um mendigo entrar no seu vagão e sentar num dos seus acentos porque isso seria o fim. Você sabe, basta um desses chegar para todo mundo mudar de lugar ou simplesmente não querer sentar ao lado do esquisitão. Neste jogo de pôquer só não dá para blefar. Porque, óbvio, se você não tiver jogo, seu adversário vai ver seus acentos completamente vazios.
Jogar eu acho que não vou. Mas nunca mais vou pegar um metrô sem ficar prestando atenção se tem alguém jogando. Sou até capaz de descer umas estações depois para dar uma força para um dos jogadores. O que me torna, automaticamente, uma espécie de carta na manga para um deles. A primeira nesta modalidade.
Se você ainda não entendeu nada mas ficou curioso, dá uma olhada no link http://current.com/items/76327442_tube_poker
Não entendeu nada? Eu descobri isso ontem assistindo um programa na Current TV. Achei simplesmente o máximo.
É uma mania que está tomando conta do metrô daqui e de várias partes do mundo. Basta o trem ter aqueles assentos de 5 lugares, uns de frente para os outros e as apostas podem começar.
Veja as regras do jogo: você e um amigo desocupado, ou melhor, um adversário, entram numa estação de metrô, escolhem um vagão e decidem quantas estações vai durar o jogo. Começa na próxima estação e termina daqui a 7. É um jogo de pôquer normal com uma diferença: as cartas são as pessoas que entram e ocupam estes acentos de 5. Se for homem é valete, se for mulher é dama. Homens e mulheres mais velhos são reis. Ganha quem tiver a melhor combinação de cartas/pessoas ao final das 7 estações. Se tiver 3 homens e 2 mulheres (ou vice-versa) você tem um full. E tem que torcer para ninguém levantar o traseiro do seu jogo até a estação final. O que é praticamente impossível e torna o jogo mais emocionante e imprevisível. Tem que torcer também para nenhum tipo parecido com um mendigo entrar no seu vagão e sentar num dos seus acentos porque isso seria o fim. Você sabe, basta um desses chegar para todo mundo mudar de lugar ou simplesmente não querer sentar ao lado do esquisitão. Neste jogo de pôquer só não dá para blefar. Porque, óbvio, se você não tiver jogo, seu adversário vai ver seus acentos completamente vazios.
Jogar eu acho que não vou. Mas nunca mais vou pegar um metrô sem ficar prestando atenção se tem alguém jogando. Sou até capaz de descer umas estações depois para dar uma força para um dos jogadores. O que me torna, automaticamente, uma espécie de carta na manga para um deles. A primeira nesta modalidade.
Se você ainda não entendeu nada mas ficou curioso, dá uma olhada no link http://current.com/items/76327442_tube_poker
18 de mar. de 2008
Amizade a fórceps
Desde que cheguei aqui já fiz um catálogo de diferentes tipos de pessoas. Adoro.
Encontrei uma amiga brasileira que tá morando aqui há mais tempo e, para minha surpresa, também já tem suas teorias sobre a vida alheia. Por exemplo? Todo o ruivo tem orelhas de abano e toda koreana tem as batatas da perna tortas. Depois que ela me disse isso, comecei a conferir e é impressionante. Vejo uma panturrilha estranha andando por aí e já sei que a dona é koreana. Sempre.
Mas hoje vou falar de um tipinho muito comum por aqui, especialmente neste universo escola de inglês - casa de estudantes. É o Amigo Garçon do Fridays.
Esta pessoa não necessariamente precisa ser garçon, mas tem aquele comportamento que quem já foi ao Fridays vai reconhecer facilmente: você mal chega e ele(a) já se ajoelha do seu lado, super sorridente, perguntando várias coisas da sua vida e agindo como se fosse seu chegado há anos. Amigo Garçon do Fridays é aquele que, literalmente, força a amizade porque está sozinho num país estranho e quer companhia para sair, almoçar, jantar, badalar e, se tudo der certo, mochilar por aí. Ele não tem tempo a perder. Precisa fazer amigos logo porque só tem visto de 6 meses, então mãos à obra. Sorri pra mim, porra.
Eu tenho vários Amigos Garçons do Fridays aqui. Absolutamente instantâneos e até um pouco assustadores, de tão invasivos. Um deles arranjou meu celular não sei como e me chamou pra sair no fim de semana. Legal, mas quem está falando mesmo?
Mas ele deu sorte porque eu sou uma pessoa que acredita que amizades instantâneas podem sim acontecer. E que ser amigo é um exercício de humildade. O negócio é inventar uma desculpa simpática para o seu pseudo-amigão-do-peito e, quem sabe numa próxima, levá-lo para tomar um café. Tudo para não magoar um coração tão carente e ansioso. Ô dó.
Encontrei uma amiga brasileira que tá morando aqui há mais tempo e, para minha surpresa, também já tem suas teorias sobre a vida alheia. Por exemplo? Todo o ruivo tem orelhas de abano e toda koreana tem as batatas da perna tortas. Depois que ela me disse isso, comecei a conferir e é impressionante. Vejo uma panturrilha estranha andando por aí e já sei que a dona é koreana. Sempre.
Mas hoje vou falar de um tipinho muito comum por aqui, especialmente neste universo escola de inglês - casa de estudantes. É o Amigo Garçon do Fridays.
Esta pessoa não necessariamente precisa ser garçon, mas tem aquele comportamento que quem já foi ao Fridays vai reconhecer facilmente: você mal chega e ele(a) já se ajoelha do seu lado, super sorridente, perguntando várias coisas da sua vida e agindo como se fosse seu chegado há anos. Amigo Garçon do Fridays é aquele que, literalmente, força a amizade porque está sozinho num país estranho e quer companhia para sair, almoçar, jantar, badalar e, se tudo der certo, mochilar por aí. Ele não tem tempo a perder. Precisa fazer amigos logo porque só tem visto de 6 meses, então mãos à obra. Sorri pra mim, porra.
Eu tenho vários Amigos Garçons do Fridays aqui. Absolutamente instantâneos e até um pouco assustadores, de tão invasivos. Um deles arranjou meu celular não sei como e me chamou pra sair no fim de semana. Legal, mas quem está falando mesmo?
Mas ele deu sorte porque eu sou uma pessoa que acredita que amizades instantâneas podem sim acontecer. E que ser amigo é um exercício de humildade. O negócio é inventar uma desculpa simpática para o seu pseudo-amigão-do-peito e, quem sabe numa próxima, levá-lo para tomar um café. Tudo para não magoar um coração tão carente e ansioso. Ô dó.
8 de mar. de 2008
A regra é clara
Quando a gente era criança, existia uma espécie de legislação e ética para decidir coisas que era absolutamente simples e primitiva.
Quem vai viajar no banco da frente do carro (naquela época podia)? Eu. Por que? Porque pedi primeiro, oras. E assunto encerrado. Da próxima vez seja mais esperto e pede primeiro você. Jerry Seinfeld (ídolo) fala sobre isso no começo de algum episódio. E, como sempre, é uma ótima observação.
Acontece que a minha geração está vivendo uma Síndrome de Peter Pan coletiva. Ninguém mais fica velho. Ou pelo menos não se sente ou não aparenta. Pessoas muito jovens convivem em perfeita harmonia com as bem mais velhas, dividem a mesma balada e os mesmos gostos musicais. Gente mais do que adulta tem atitudes infantis o tempo todo. E, de repente, parece que esta mesma ética e legislação infantil está mais em vigor do que nunca.
Acho isso muito estranho, mas vai dizer que nunca aconteceu com você. Grupo de amigas na balada, umas mais rápidas na paquera do que as outras. De repente uma dita a regra: o cara com barba por fazer no balcão é meu. Mas por que mesmo? Por que eu vi primeiro. Tira o pé da minha janta. E as amigas, se tiverem alguma consideração pela autora da lei, concordam e acatam imediatamente. Não se fala mais no assunto.
Esta outra aconteceu ontem. Eu e umas amigas chegamos num bar super legal e uma delas falou: Nossa, pegava vários caras que estão aqui. Imediatamente eu disse: Vai, brilha. E ela: Ah, mas não sei se eles me pegariam também. Eu: Pega primeiro, ué? E depois ainda dá uma dançadinha gritando: Peguei primeiro! Peguei Primeiro! Peguei primeiro! Na nossa época pode.
Quem vai viajar no banco da frente do carro (naquela época podia)? Eu. Por que? Porque pedi primeiro, oras. E assunto encerrado. Da próxima vez seja mais esperto e pede primeiro você. Jerry Seinfeld (ídolo) fala sobre isso no começo de algum episódio. E, como sempre, é uma ótima observação.
Acontece que a minha geração está vivendo uma Síndrome de Peter Pan coletiva. Ninguém mais fica velho. Ou pelo menos não se sente ou não aparenta. Pessoas muito jovens convivem em perfeita harmonia com as bem mais velhas, dividem a mesma balada e os mesmos gostos musicais. Gente mais do que adulta tem atitudes infantis o tempo todo. E, de repente, parece que esta mesma ética e legislação infantil está mais em vigor do que nunca.
Acho isso muito estranho, mas vai dizer que nunca aconteceu com você. Grupo de amigas na balada, umas mais rápidas na paquera do que as outras. De repente uma dita a regra: o cara com barba por fazer no balcão é meu. Mas por que mesmo? Por que eu vi primeiro. Tira o pé da minha janta. E as amigas, se tiverem alguma consideração pela autora da lei, concordam e acatam imediatamente. Não se fala mais no assunto.
Esta outra aconteceu ontem. Eu e umas amigas chegamos num bar super legal e uma delas falou: Nossa, pegava vários caras que estão aqui. Imediatamente eu disse: Vai, brilha. E ela: Ah, mas não sei se eles me pegariam também. Eu: Pega primeiro, ué? E depois ainda dá uma dançadinha gritando: Peguei primeiro! Peguei Primeiro! Peguei primeiro! Na nossa época pode.
4 de mar. de 2008
Mulheres JBB
Todo mundo tem um tio ou vizinho meio grisalho e sem barba. Ele não é calvo e geralmente usa óculos. Tem uma papadinha de leve e uma pele que já não tem mais aquele frescor da juventude, mas não é veeeelho. Visualizou o seu tio?
Existe uma espécie de mulher aqui na Inglaterra que é exatamente igual a ele. É uma categoria que eu observei e denominei Mulheres Joelmir Beting de Brinco (JBB).
Não. As preferências sexuais destas senhoras não têm nada a ver com isso. Posso apostar que elas não são lésbicas. Para falar a verdade, acho que nem vida sexual elas têm, quem dirá preferências. Mulheres Joelmir Beting de Brinco não parecem homens intencionalmente, mas porque não têm tempo para elas mesmas. Apenas para a família.
Elas têm cabelos grisalhos assumidos, com cortes masculinos e práticos, e você só percebe que elas são mulheres (como a própria definição já diz) pelos brincos delicados ou pela armação dos óculos, que normalmente são grandes e têm algum detalhe em strass ou uma correntinha. Elas usam saias abaixo do joelho e sapatos básicos, tailleurs que não valorizam cinturas, coisa que provavelmente elas também não têm.
Mulheres JBB não têm a menor vaidade e, ao mesmo tempo, nenhuma espécie de malemolência para virar letra de samba, como a nossa equivalente Amélia. E se você está imaginando alguma coisa parecida com o Dustin Hoffmann no filme Tootsie, esquece. Eu não usei o nome Joelmir Beting à toa. Estamos falando do seu tio. Mesmo.
Para conseguir visualizar uma JBB e para este post fazer algum sentido, recomendo um livro interessantíssimo que você pode encontrar na Livraria Pop, em São Paulo. Ele se chama Casa Suzzana e está recheado de fotos de homens americanos vestidos de mulheres, se não me engano, nos idos dos anos 50. Os verdadeiros precursores dos transformistas. Um luxo.
Além do Joelmir, é o máximo que eu consigo para ilustrar como são estas senhoras. Adoro as JBB.
PS: Falar da Livraria Pop é o primeiro merchandising do Bacanérrimo. Quem conhece sabe que é o máximo, quem não conhece e mora fora de Sampa pode visitar o site: www.livrariapop.com.br e ficar com vontade.
Existe uma espécie de mulher aqui na Inglaterra que é exatamente igual a ele. É uma categoria que eu observei e denominei Mulheres Joelmir Beting de Brinco (JBB).
Não. As preferências sexuais destas senhoras não têm nada a ver com isso. Posso apostar que elas não são lésbicas. Para falar a verdade, acho que nem vida sexual elas têm, quem dirá preferências. Mulheres Joelmir Beting de Brinco não parecem homens intencionalmente, mas porque não têm tempo para elas mesmas. Apenas para a família.
Elas têm cabelos grisalhos assumidos, com cortes masculinos e práticos, e você só percebe que elas são mulheres (como a própria definição já diz) pelos brincos delicados ou pela armação dos óculos, que normalmente são grandes e têm algum detalhe em strass ou uma correntinha. Elas usam saias abaixo do joelho e sapatos básicos, tailleurs que não valorizam cinturas, coisa que provavelmente elas também não têm.
Mulheres JBB não têm a menor vaidade e, ao mesmo tempo, nenhuma espécie de malemolência para virar letra de samba, como a nossa equivalente Amélia. E se você está imaginando alguma coisa parecida com o Dustin Hoffmann no filme Tootsie, esquece. Eu não usei o nome Joelmir Beting à toa. Estamos falando do seu tio. Mesmo.
Para conseguir visualizar uma JBB e para este post fazer algum sentido, recomendo um livro interessantíssimo que você pode encontrar na Livraria Pop, em São Paulo. Ele se chama Casa Suzzana e está recheado de fotos de homens americanos vestidos de mulheres, se não me engano, nos idos dos anos 50. Os verdadeiros precursores dos transformistas. Um luxo.
Além do Joelmir, é o máximo que eu consigo para ilustrar como são estas senhoras. Adoro as JBB.
PS: Falar da Livraria Pop é o primeiro merchandising do Bacanérrimo. Quem conhece sabe que é o máximo, quem não conhece e mora fora de Sampa pode visitar o site: www.livrariapop.com.br e ficar com vontade.
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