São Paulo é como aquele namorado feio, que está totalmente fora dos seus padrões mas que você ama loucamente. Suas amigas não entendem o que você viu nele. Sua família acha que você merecia coisa melhor. Mas você gosta, oras.
Antes de apresentar para os amigos você prepara o terreno: olha, ele não é nenhum Brad Pitt, mas é muito bacana. Sou apaixonada e tenho certeza que vocês vão se dar bem. Ponto. Assim você bloqueia logo qualquer tipo de comentário infeliz ou olhar torto. Amigo que se preze não vai cometer a indelicadeza de falar uma palavra depois que você explica que gosta dele assim, do jeito que ele é.
São Paulo não é facinho. Nossa, como demorou para essa história engrenar. No começo nem você levava fé. Só pensava em balada, todos os dias da semana, tudo não passava de uma amizade superficial. Mas depois de um tempo de convivência começou a rolar um clima, vocês foram ficando mais íntimos, encontrando mais afinidades. Tantas que você não se imagina mais longe dele.
Ele te conquistou pela inteligência, pelas sacadas geniais, porque vocês se divertem muito juntos, vão jantar em restaurantes incríveis ou preparam uma comida divina em casa mesmo. Ele tem um papo ótimo e faz você rir a noite inteira até perceber que o bar já fechou e que vocês são os últimos clientes.
Claro, ele tem um monte de defeitos. Mas tem muito mais qualidades do que muito cara lindo que você conheceu antes. Quando você percebe, já relevou e aprendeu a conviver com todas as imperfeições. Elas viram paisagem e não atrapalham mais nada.
Não dá para saber se esse amor será eterno. Se vocês vão constituir família. Mas mesmo que tudo mude, que vocês estejam bem longe e nem se vejam mais, ouvir falar o nome dele sempre vai fazer você sentir um friozinho na barriga.
Parabéns e obrigada, São Paulo. Pelos nossos 12 anos juntos.
Eu gosto da palavra bacanérrimo desde a primeira vez que ouvi. Desde então, uso mesmo. Sinceramente, este foi o único critério para escolher o nome do meu blog. Gosto de escrever mas tenho vergonha de mostrar o que escrevo. Então decidi ficar escondida atrás de uma URL simpática. E esperar que alguma coisa que eu escreva aqui vire spam e chegue um dia por e-mail, como se fosse um texto do Luiz Fernando Veríssimo. Ui, seria a glória.
26 de abr. de 2012
21 de abr. de 2012
And now to something completely different
As vezes eu acho que não tenho mais o que escrever aqui. Daí a demora que vem se abatendo entre um texto e outro. Já falei sobre tanta coisa e não quero ser repetitiva. Tipo o Evandro Mesquita que insiste em relançar a Blitz cantando Você não soube me amaaaaaaaaar, só que com backing vocals piores.
Então comecei a reler uns textos antigos e percebi algo muito louco e interessante: como eu mudei de ideia. Dou meus dois braços a torcer em relação a muitas coisas que escrevi outro dia. E viva a complexidade feminina. A coisa mais legal de ser mulher é que absolutamente ninguém mais espera ver sentido em nada do que a gente pensa ou sente. Vamos aproveitar e nos contradizer muito nessa vida.
Por exemplo: o que eu escrevi aqui (isso é um link para o outro texto, tá?) não faz mais sentido nenhum para mim. Soa como aqueles textos idiotas atribuídos à Clarice Lispector no Facebook. E, se meu raciocínio procede, vai ver que ela escreveu mesmo aquele monte de porcarias e depois mudou de ideia.
Definitivamente não acho mais que a gente não deve ter expectativa sobre as coisas. Durante muito tempo achei que expectativa era um boicote. Que não ter e ser arrebatada pelas supresas da vida era muito mais legal. Por alguns anos fiquei catando todas as minhas, enfiando em grandes sacos e jogando no fundo do Rio Tietê. Olha o que aconteceu com o Tietê. Tudo culpa das minhas expectativas afogadas.
Mas não foi de um dia para o outro que eu mudei de ideia. Foi acontecendo, fui achando que essa história de “o que vier é lucro” é muito pouco. Que é uma tristeza achar que qualquer coisa está bom. Eu quero muito, do bom e do melhor. Não ter expectativas é como não planejar uma viagem. Ir e decidir lá onde ficar e o que fazer. Às vezes funciona e pode ser genial, mas além de ser uma perda de tempo, planejar, fuçar, ficar curioso sobre o que a gente vai ver é quase tão bom quanto recordar e olhar as fotos depois. Por que abrir mão disso?
Eu ando cheia de expectativas e elas são muito bem alimentadas todos os dias. Vivem no teto da minha casa, no sótão, em cima do telhado. De vez em quando algumas escapam e vão para as nuvens, mas eu deixo. Quando e se as coisas boas que eu espero que aconteçam se realizarem eu também estarei nas nuvens e encontro as danadinhas por lá.
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