Você atende o telefone e as pessoas perguntam: que vozinha é essa? Está tudo bem?
Você tira os óculos de sol e as pessoas reparam: ué, que carinha é essa?
Você vai almoçar e alguém diz: que pratinho… Você não está comendo nada.
Você anda pela rua e a amiga afirma: você emagreceu. Nossa, que fininha.
Tristeza é uma merda. Não tem como disfarçar e eu, sinceramente, nem tento.
Acontece que, se por um lado você definha, por outro encontra certas compensações. Se emagreci como estão dizendo pode ser que agora caiba naquele jeans que eu amava e não me servia desde 2009. Será?
Você vai correndo até o armário, encontra “O Jeans” lá no fundo, esquecido. Enfia a primeira perna sem ter certeza se vai rolar, a segunda, vê que ele passa facinho pelos quadris, puxa o zíper, fecha o botão e é invadida por uma sensação unicamente incrível. Um feixe de luz entra pela janela, Os Pequenos Cantores de Viena no auge dos seus agudos viram trilha sonora, uma brisa surge do nada e agita suavemente seus cabelos, borboletas amarelas voam na sua órbita, tudo em câmera lenta, lógico. Serviu.
Então você sai de casa esboçando o primeiro sorrisinho espontâneo em semanas. E o primeiro amigo com alguma intimidade que encontra, comenta com cara de demônio: o que aconteceu com você? Que bundinha é essa?
Não resolve nada. Mas ajuda pacas.
Ah, importante. A ilustração ali de cima é do Millôr :)