Minha assessora para absolutamente todos os assuntos do lar tem quatro celulares. Um de cada operadora. Ela chega em casa, abre a bolsa e coloca todos em cima da bancada da cozinha como se fosse um arsenal. Diz ela que é para fazer economia. Mas me explica como se a parte dela nos diálogos é sempre mais (muito mais) ou menos assim:
Oi, tudo bem? Eu já ligo para você, pode ser? É que você ligou para o da Tim e o seu número é Claro… Deixa eu ligar de volta para você pelo da Claro, que a gente não paga. Isso… De Claro para Claro é de graça. O seu é da Claro. Esse meu é Tim. Não… O outro número que você tem é da Vivo. Vivo paga também. A não ser que o seu seja Vivo mas eu tô vendo aqui pelo número que esse é Claro, né? Você tem Vivo? Tem Oi? Desde quando, criatura? Da última vez que você me ligou não tinha Oi, não. Claro que tenho certeza, seu número da Oi eu não tenho... Você não me deu. Danada! (risos) Manda um sms para o meu da Oi e eu já salvo lá mesmo. Você tem o meu Oi? Espero… Pode falar… Sete, dois, cinco, sete. Isso. O meu é esse mesmo. Você tem crédito da Oi? Nem perguntei se você tinha crédito e já fui pedindo para mandar sms. Então manda porque eu não tenho. No da Oi eu só recebo. Ah, sei lá… Eu esqueço de recarregar. Isso... Então eu ligo pra você do da Claro e você já salva aí, beleza? Ó, chegou sua mensagem aqui no meu Oi. Apitou aqui do lado. Jura que você escutou? É que eu mudei de toque e coloquei um muito alto mesmo. Senão não escuto dentro da bolsa. Mas foi bom você me avisar que assim eu já diminuo um pouco o volume, que ninguém merece gente que deixa o celular tocando muito alto. Agora deixa eu desligar que esse da Tim vai ficar sem crédito. Melhor, né? Assim a gente não paga. Desliga que já te ligo. Beijo.
Só depois de toda essa introdução e de um consenso meio que tardio sobre que celular de que operadora liga para quem é que começa a conversa propriamente dita. Em outra ligação.