Saí de São Paulo para as festas de final de ano. Dia 4 de janeiro, voltei cabisbaixa como sempre volto de todas as viagens que faço. Quando coloco a chave na fechadura de casa, percebo que algo está bem errado. A porta não estava trancada. Fui entrando, com o pé esquerdo, é claro, percebi algumas poucas coisas fora do lugar e tive certeza: assaltaram minha casota.
Vi que estava tudo relativamente em ordem e só então comecei a pensar: será que os meliantes levaram as coisas de valor?
Corri para o lavabo. O quadro com a calcinha autografada pelo Wando estava lá. Ufa!
Passado este susto maior, pensei nos meus robôs japoneses e senti um segundo calafrio. Felizmente todos estavam reluzentes na cristaleira. O castiçal mexicano inteirinho, com todos os passarinhos, frutinhas e flores. Ai, meus diários de infância... Intactos. Vinis, gibis, CDs, livros, DVDs, tudo lá. Os filhos da puta não teriam a ousadia de levar minha coleção de bolachas de cerveja meticulosamente trazidas de cada um dos pubs de Londres e Dublin. Não tiveram, eba.
É uma sensação muito esquisita. Eu lembrava das coisas à medida que as horas passavam e ia correndo ver se estavam nos seus lugares: a coleção de bonequinhos do Chaves e a dos Simpsons, o abridor de garrafa de lutador de lucha libre, o peixe que canta Don’t be cruel, o Superman com capa de tecido, isso não, por favor, por favor... Ai, que bom, tá lá.
Comecei 2015 com a casa assaltada mas não levaram nada de valor.
Só o computador e as jóias.