Estavam no auge da paixão quando decidiram fazer uma reforma na casa. Construir um recanto aberto mas, ao mesmo tempo, reservado, com uma jacuzzi enorme. Estavam pensando em safadeza, claro. E já que vai ter obra, vamos fazer um negócio “profi”. Contrataram uma arquiteta badalada, viram que ia sair caro mas que ia ficar tão bom que as revistas de decoração fariam fila para fotografar. Investiram uma grana preta mas, mesmo assim, a obra teve que ser feita por partes. Primeiro o piso XPTO, depois o teto retrátil, o pergolado, a parede com paisagismo, tudo de super bom gosto. Demorou muito mais do que eles gostariam. A ponto dos filhos pequenos crescerem, de um deles ter problemas com crack e causar uma angústia tão grande que acabou por desgastar até a relação do casal. Estavam tratando do divórcio e de todas as raivas, mágoas e chateações envolvidas nessa parte quando chegou o caminhão para fazer a entrega da Jacuzzi gigante.
A parte mais importante da reforma dos sonhos chegou quando já não fazia mais o menor sentido.
Tudo isso foi uma metáfora.
Sobre o Brasil conquistando, em 2009, a honra de sediar as Olimpíadas. Sobre o tempo passando e tudo o que sabemos que aconteceu, acontecendo. Sobre a pobre tocha, que chegou justo no momento mais lamentável.