31 de dez. de 2008

O ano que vai ser para sempre

E aí? Achou que 2008 passou voando, num piscar de olhos? Pois eu discordo completamente. O ano de 2008 foi o mais importante da minha vida e valeu por uns 4. Simplesmente porque eu decidi não voltar do Reveillon de 2007 já pensando para onde eu iria no carnaval e depois no feriado da Páscoa, não fiquei contando os dias para a chegada do final de semana nem rezei para que nenhum dia acabasse logo. Tive a oportunidade de fazer o contrário e aproveitar o tempo com mais calma e paciência (e recomendo). Realizei um dos meus maiores sonhos, conheci muita gente boa, falei merda, fiz merda, fiz abdominais, senti raiva, VPP (vergonha pela pessoa), me emocionei, disse eu te amo, cantei em voz muito alta, chorei, fui mais amiga, ouvi mais, passeei mais com o cachorro, ajudei os outros, aprendi a rezar. Mas, acima de tudo, passei o ano todo olhando mais para mim. Coloquei minha vida na mesa e reorganizei tudo. Esta é a primeira vez em 8 anos que moro em São Paulo, que decidi passar o ano novo aqui. Simplesmente porque eu não quero arrumar outra mala e perder horas num aeroporto ou numa estrada como eu sempre faço. Pela primeira vez tenho que pensar no trânsito e nas ruas interditadas pela corrida de São Silvestre. Hoje eu quero simplesmente colocar meu vestido branco lindo que eu trouxe de Londres (ai, Londres...), dar muita risada, abrir uma champa rosé, brindar e abraçar meia dúzia de queridos. Perfeito.
Ah, não vou pular ondinha nem jogar flores pra Iemanjá e esta é a única parte que vou sentir falta.
Não sei se estou ficando velha ou se isso tudo é só paz. Resolução de ano novo? Lembrar sempre de 2008, de tudo o que eu pensei e repensei e ter a certeza de que eu não preciso de nenhuma resolução agora. Mas quando eu resolver, vixe que eu vou quebrar tudo.

Que você tenha um 2009 bacanérrimo. Mesmo.
Que eu fale menos em primeira pessoa, senão você enche o saco e não volta. E isso eu não suportaria.
Beijocas.

15 de dez. de 2008

Papagaio da vizinha

Ando sumida mas estou aqui.
Para ser mais exata, aqui é um novo endereço. Mudei semana passada e só hoje chegou meu kit internet em casa. Ai, que delícia. Entre uma caixa e outra, entre um eletricista e um encanador (com zero sex appeal, infelizmente), tive verdadeiros ataques de riso do papagaio da vizinha. No primeiro dia, ouvi nitidamente ele dizer Oiiii, igualzinho ao Silvio Santos. Passei mal. Em seguida, ouvi ele gritando, num tom desaforado e marrento: Ô, veado. Desmaiei.
Contei para várias pessoas que o papagaio mais figura do mundo era meu novo vizinho. Todo mundo adorou e morreu de rir.
Mas o tempo foi passando, eu fui acostumando meu ouvido e, com uma certa decepção, percebi que em vez de Oiiiii, ele grita Mãããããe. E que não chama ninguém de veado. Fala: Oi, Tiago.
Já decidi. Vou manter a minha versão. Piada de papagaio só é boa quando a gente sabe contar.

PS: Não desista do blog. Já, já eu volto com a freqüência habitual.

3 de dez. de 2008

Trabalheira voluntária

Seguinte, negada: se o Brasil inteiro está mandando uma quantidade astronômica de roupas, comida e ajuda para as vítimas de Santa Catarina, imaginem a cidade e o estado de São Paulo.
A Cruz Vermelha precisa de voluntários para ajudar a separar e organizar uma montanha de donativos. Só hoje saíram 185 toneladas deles da sede, que fica na Av. Moreira Guimarães, 699 em Moema, perto do aeroporto de Congonhas. É trabalho que não acaba mais. Bora?

PS: E só chegar, tem estacionamento de graça e gente trabalhando 24 horas. Se puder, leve um (ou mais) rolo de fita tape para fechar caixas.

24 de nov. de 2008

Maverick X Iceman

Eu aprendi que tinha hormônios femininos na escola. Mas só descobri que eles saíam pelas orelhas vendo o magnífico, estupendo, formidável, inenarrável jogo de vôlei de Top Gun. Maverick X Iceman no vôlei de praia causaram uma ebulição sem precedentes neste corpinho. Não sei quantas vezes eu vi e revi esta cena.
O oráculo Google acabou de me contar que isso foi em 1986, e eu devia ter uns 12 anos. Tarde para os padrões atuais. Nessa época eu brincava de Barbie com a Patrícia, a Marcinha, a Francelle e a Adriana. Está certo que as brincadeiras não tinham nada de inocentes, nossas Barbies e Susies eram com-ple-ta-men-te depravadas e a gente nem colocava mais roupinha nem fazia penteados, de tanto que elas transavam com o Bob (anterior ao Ken) e o Beto (aquele cafona). Mesmo assim, eu era muito mais criança do que uma menina de 12 hoje.
Mais ou menos um ano antes de Top Gun eu tive um ensaio disso tudo, de toda essa (como é que eu posso dizer sem ser indelicada) euforia. Foi com a minissérie O Tempo e o Vento, na TV. Mais precisamente nos episódios de Ana Terra. Muito, mas muito mais precisamente quando aquele índio apareceu na vida dela. “Isso é fogo de moça”, explicou a mãe dela. Lembro direitinho. Tive um súbito interesse por Érico Veríssimo e tratei de ler o livro, que fez um efeito bem mais ameno, mas eu não esquecia do índio. Que índio era aquele?
De repente o índio ficou pequeno, virou paisagem. Que jogo de vôlei foi aquele? E o melhor (não sei se você lembra): antes do jogo acabar, Tom Cruise, completamente suado, coloca uma camiseta branca, a famosa jaqueta de couro e vai, sem banho, ter sua primeira noite de amor com a gata do filme. De novo: sem banho. Afe, aquilo foi fetiche demais para mim, para a Patrícia, para a Marcinha, para a Francelle e para a Adriana. Se bobear, a gente fala nisso até hoje.

20 de nov. de 2008

Sinceridade Feminina

Fazia um ano que eu não encontrava esta amiga.
Fomos almoçar juntas e eu estava falando alguma coisa importante, quando percebi algo que eu odeio. Sabe quando você está falando e a pessoa, visivelmente, está com a cabeça em outro lugar? Os olhos ficam passeando ao redor e ela não está ouvindo o que você diz. Continuei falando, o assunto era sério, até que ela admitiu o que estava acontecendo:
- Flávia, desculpa mas tu estás falando e eu aqui, pensando em outra coisa. Tu precisas fazer uma hidratação no cabelo num lugar que eu descobri. É aqui perto e é baratinho. Vai lá, que não precisa marcar horário. Vai definir os cachos e reduzir um pouco o volume do teu cabelo.
- M-mas eu gosto do meu cabelo assim, volumoso.
- Ah (desapontada), mas esses fios mais arrepiados iam desaparecer.
Para mim, meu cabelo estava ok. Mas se ela falou isso, mesmo com assunto de um ano acumulado, é porque a coisa está grave.
Mulher é mesmo um bicho esquisito. Mas amiga é para estas coisas.

Sinceridade Feminina 2

Minha amiga colocou silicone e fez lipo. Nosso amigo, empolgado com o resultado, foi falar com ela:
- Você ficou ótima. Acho que tem que fazer mesmo. Eu agora vou fazer uma dieta e começar a malhar. Se depois de perder peso, eu perceber que ficou gordura localizada, vou fazer uma lipo também.
A amiga respondeu:
- Claro. Eu, se fosse você, aproveitava a anestesia e já colocava um queixo.
( ! )

17 de nov. de 2008

Vera Loyola e naftalina

Ontem eu resolvi dar uma geral nos meus-livros-meus-discos-e-nada-mais e dei de cara com Totalmente Vera Loyola. Uma biografia para lá de autorizada que eu tive a coragem e o prazer não muito convencional de ler em 2001. Abri para recordar as pérolas e percebi que ele estava todo sublinhado. E com razão.
O livro é dividido em capítulos com títulos sugestivos como: Bateu, Levou, Emergente benemerente, Não há um dia em que não esteja na mídia, Eu sou a modernidade social e Desafetos. Todos recheados de citações deste naipe:
“Eu estava elegantíssima num tomara-que-caia roxo-batata”
“Não considero meus amigos fumantes párias ou sem-vergonhas. Acho-os dignos de cuidado, torço para que eles encontrem um tratamento para abandonar este companheiro tão prejudicial quanto indesejável”
“Agora uma curiosidade: não é só no Brasil que existem os trombadinhas, os pivetes. Fui assaltada em Paris”
“Vera se acha realmente uma pessoa a quem Deus delegou uma missão. No caso, de sacudir, alertar, chocar, encantar, espantar, encarar, fazer sonhar, partilhar, emocionar, dividir opiniões e, sobretudo, gritar para que o povo a ouça. Nesse sentido e até pelo perfil físico e psicológico, tem tudo a ver com Evita Perón. Se derem um balcão a esta mulher, o Brasil que se cuide”. Vai dizer que você não concorda? O Brasil que se cuide.
Adorei Conhecer é o título do capítulo mais cara-de-pau de todos. Ela deve ter achado que 100 páginas eram muito pouco para uma biografia daquele quilate e não teve dúvidas: fez uma lista de 18 (eu disse dezoito) páginas, com nomes completos de pessoas que ela gosta, com um nome por linha, centralizados na página. Já o gran finale é chamado Momentos de Sabedoria, capítulo em que ela fala sobre os livros que leu “ao longo da vida”. “Li Jorge Amado, é claro, alguma coisa do Machado de Assis e, dos dias atuais, Paulo Coelho”. É claro. E termina assim: “Um dos meus mais assíduos fãs, que sabe do pouco tempo que me sobra para atividades intelectuais e da minha paixão por citações – daquelas construtivas, profundas, que fazem você pensar, me envia semanalmente várias dessas pensatas. Vou dividir com vocês algumas delas.” E tasca mais 4 páginas de citações com autoria de Pitágoras, Sócrates, Vinícius de Moraes e Henry Ford, entre outros. Um deleite.
Ficou a fim? Joga no Google que eu vi por R$ 4,00. Comprei o meu na banca de revistas. Aliás, voltei para procurar o livro do Alexandre Frota, mas infelizmente estava esgotado. Se alguém tiver, eu negocio.

13 de nov. de 2008

Resposta pilantrucha para uma pergunta imbecil

Quais foram as duas coisas mais fantásticas que aconteceram na sua vida?

Conhecer gente inteligente e nadar pelada no mar.
Não necessariamente nesta ordem. Pode misturar.


(E você? Conta aí.)

12 de nov. de 2008

Simples e impossível

Você está jogando os caroços de melancia na lata de lixo e um deles cai no piso da cozinha. Simples. Agora cata o caroço que eu quero ver. Impossível.

Parecido com isso: você deixa um CD cair no chão. Se o piso for de madeira ou porcelana, você até consegue arrastar o CD até o rejunte. Agora se o piso for liso, é impossível tirá-lo de lá. Sabe aquele barulhinho que faz quando se cria um vácuo entre o CD e o piso? Esquece.

Você serve uma fatia de pudim num pratinho. Come quase tudo em segundos. Mas precisa de minutos para conseguir pegar a última colherada. Não, não vale usar o dedão. O pedacinho de pudim vai percorrer toda a superfície do prato, arrastado de lá para cá pela colher, e você não vai conseguir pegá-lo tão cedo.

Eu sei a quantidade exata de feijão que preciso colocar em cima do arroz para ficar do jeito que eu gosto. Mas inverteu, ferrou. Nunca na minha vida acertei a quantidade de arroz que é preciso colocar em cima do feijão. Sempre coloco de menos ou a mais.

Minha vida amorosa também anda assim. Deveria ser simples mas tem horas que dá vontade de desistir. Mas daí lembro que nunca deixei nenhum CD ou caroço de melancia jogados por aí, nunca deixei de comer arroz e feijão nem nunca dispensei o último pedacinho de um pudim de leite. Não tenho a menor idéia do que eu tenho que fazer. Mas continuo tentando.

10 de nov. de 2008

Efeito Peruca

Almoço com amigos no shopping mais nariz-empinado de São Paulo. Odeio shoppings, mas amo os amigos. Fomos tomar o cafezinho no quiosque do 1º andar, como sempre. De repente chegam dois homens, do outro lado do balcão, e fazem o pedido.
Nada mais natural se um deles não usasse peruca. Lógico, todo mundo reparou que era peruca, apesar de ter exatamente a mesma tonalidade do resto do cabelo e de ser uma dessas perucas caras. Ele poderia estar usando uma black power da 25 de Março, uma prateada a la Cher, uma colorida e espetada tipo Baby Consuelo, que daria na mesma. Era peruca. Ponto.
Eu olhei, meus amigos, nós, vós, eles, todo mundo olhou. Mas todo mundo é educado e disfarçou. Exatamente como o dono da peruca, fingimos todos que nada estava acontecendo. Mas daí aconteceu o mais curioso de tudo: imediatamente, todas as pessoas que estavam no café começaram a falar sobre cabelo, tintura acaju, grisalhos, calvície e, é claro, gente que usa peruca. O homem não ouviu um pio, nada nem ninguém tirando sarro dele. Nenhum comentário maldoso. Mas teve que engolir o café ouvindo pedaços de frases soltas de cada um dos grupinhos ao redor: Você viu a tintura acaju do Fulano? Meu cabelo está horrível hoje. Força na peruca. Chega uma hora que tem mais é que passar máquina zero e assumir. Tenho um tio que usava peruca. Usei um aplique fantástico na balada ontem.
Juro. Achei um fenômeno sensacional. Não comentei nada e acho que ninguém mais percebeu. Ao contrário da peruca.

29 de out. de 2008

Gente que anota

Se alguma coisa que me faz rir, anoto na hora para não esquecer. Sempre acho que pode ser útil um dia. Não só anoto como tenho um caderno onde reescrevo e organizo tudo. Ele parece aquelas agendas de meninas adolescentes, que já não fecha de tantos papéis anexados. Abri ontem o meu caderno e me deparei com várias coisas divertidas, que eu nem lembrava, e me agradeci muito por ter anotado. Os próximos dois posts vieram de lá.

Meu amigo taxista

A partir do momento que a porta do táxi é fechada, cabe a você decidir se vai ficar olhando pela janela ou bater um papo com seu novo amigo íntimo. Tem gente que acha chato mas eu normalmente opto pelo papo. Meu sotaque sempre dá início ao assunto. Você é do Sul? Eu tenho um amigo/parente em Porto Alegre (sempre). Você está passeando ou mora aqui? Moro. Então está acostumada com o trânsito? Marginal nesse horário é um inferno, mas teve um dia que eu fiquei preso aqui por causa de um temporal e fiquei até emocionado. Sério? Por que? No que começou a chover este Rio Pinheiros ficou todo coberto de garrafas plásticas. Que coisa linda, parecia uma pintura. ( ! )



Mais, só sobre o tema tempestades em São Paulo:

Taxista fala: Quando começa essa chuva forte eu fecho bem a boca. Por que? É que eu tenho muitas obturações e quando cai raio, meus dentes doem.

Final de ano. Na volta do Reveillon, com chuva, eu pego um táxi para casa, desejo feliz ano novo, pergunto como foi a comemoração. Ele responde: 
Ah, mas essa cidade alagou toda. Metros de água. Azar teve a minha vizinha que viajou e deixou o cachorrinho preso na garagem. Caramba, e ele morreu afogado? Não. Era de pelúcia. E soltou uma gargalhada.

Alguns minutos depois ele recomeçou:

Mas você tem um sotaque que não é daqui. Sou do Rio Grande do Sul. Putz, eu não gosto dos gaúchos. Ué, por que? Prefiro as gaúchas. E soltou outra gargalhada.
Alguns minutos depois ele pergunta:
Muita confusão no aeroporto? Até que não. Você deu sorte de chegar agora. Lá pelas 2 da tarde teve um tumulto danado aqui. Eram 4 seguranças tentando algemar um coreano e não conseguiram. Por que? O que ele fez? Nada. Ele não tinha os dois braços. E soltou outra gargalhada.

As piadas eram tão infames que eu caía como uma pata em todas. Genial. Quando chegamos em casa ele falou: desculpe as piadas. Imagina, eu adorei. Então paga o dobro. E soltou uma gargalhada.
A última. Chega, né?

Um homem para chamar Dirceu

Coleciono músicas que as pessoas entendem errado. Tenho umas 100 anotadas e o mais legal é que o erro sempre faz sentido. Quando as pessoas descobrem que a música não era do jeito que elas cantavam aos berros, rola até uma certa decepção. Eu sei que tem até um site sobre isso, mas estas são dos meus próprios amigos. Olha que espetáculo:

- Top Lassie na areia virando sereia.
Música da Marina Lima. O correto é top less na areia. Mas ela falava “lesse” mesmo. Meu amigo entendia que a cachorra Lassie ia virar um peixe. Fofo.

- Joana D’Arc morreu na beira da praia.
Esta é um pagodão que dizia Vou nadar e morrer na beira da praia. Esta, além de surda, é burra.

- Morto na Delegacia de Marília.
Música do Djavan. O correto é Morto na beleza fria de Maria. Mas a pessoa é do interior de São Paulo e sabe que a cidade de Marília tem uma delegacia barra pesada. Adoro essa.

- Scooby Doo dos sete mares, navegar eu quero-uuu.
Música do Lulu Santos. O correto é descobridor dos sete mares. Meu amigo achava que o uuuuu do final era o Lulu imitando o uivo do Scooby.

- Diga, que já não me quer. Mégui, que me pertenceu.
Música Negue, cantada pelo Ney Matogrosso. O correto é Diga que já não me quer, negue que me pertenceu. Meu amigo entendia que Diga e Mégui eram o nome de duas mulheres.

- Homem que mata, está fazendo bobagem.
Dos Titãs, Homem primata, capitalismo selvagem. Mas que matar é uma bobagem, isso é.

- Entrei de caiaque no navio. Entrei, entrei, entrei pelo cano.
Sabe qual, né? O caiaque é fininho e passaria pelo cano se o navio fosse dos grandes, ora.

27 de out. de 2008

Oferenda

Sábado passado eu conheci uma pessoa desprezível. E eu posso falar mal à vontade porque tenho certeza que ela nunca vai ler o meu blog. E mesmo que lesse, não teria capacidade intelectual para se reconhecer do jeito que eu vou descrever. Esta pessoa entrou de penetra na festa de casamento em que eu estava. E o pior: usando um vestido igualzinho ao meu. Quando eu vi isso, já comecei a ficar puta e antipatizei imediatamente com ela. Acontece que a criatura era tão insuportável que viu a “coincidência” do vestido e colou em mim. De perto ela era ainda pior: sem nenhuma auto-estima, burra, repetitiva, não sabia dançar direito, era incapaz de fazer um comentário inteligente sequer, não entendia as piadas, as pessoas tinham que repetir tudo para ela entender. Um saco. Eu fiquei tão incomodada com aquela presença, que me retirei. Era eu ou ela. E eu preferi vazar por pura falta de paciência. Porque se tem uma coisa que eu não suporto nessa vida é mulher que se faz de vítima e não se dá o devido valor.
No dia seguinte ela foi a primeira pessoa em quem eu pensei quando acordei. Tomara que ela já tenha ido embora. Mas quando desci para tomar o café da manhã da pousada ela estava lá, sozinha num canto.
Então eu fiz uma coisa maquiavélica. Aproveitei a insignificância daquela criatura, aproveitei o fato de que ninguém notava mesmo que ela existia e levei ela para a praia. Chegando lá, eu a convenci de entrar comigo no mar. Ela, otária, nem desconfiou de nada. Assim que eu tive a primeira oportunidade, afundei a cabeça dela com as duas mãos e fiquei esperando ela se afogar. Eu me preocupava com questões práticas do tipo: esse monte de cocô vai boiar, as pessoas vão encontrar o corpo. Mas ela era tão pequena, tão ínfima, mais transparente que uma água-viva. Certeza que ninguém ia ver nada. Ela se debateu por algum tempo mas era tão fraca que eu esmaguei aquele pescoço com uma mão só. Joguei para Iemanjá como quem joga um sabonete vagabundo na festa do Reveillon. Então eu me deitei no sol e fiquei pensando que aquele tipo de oferenda, Iemanjá ia acabar devolvendo. Mas não. Ela levou mesmo. Esta foi para nunca mais voltar.

16 de out. de 2008

Significa

Eu sou fã de carteirinha do programa do Ronnie Von na TV Gazeta. Me divirto muito, especialmente quando ele olha para a câmera, fica olho no olho com os telespectadores e fala:
- E você, bonitinha, não sai daí de jeito nenhum que eu já volto.
Chamar a mulherada de bonitinha é gênio.
Descobri outro dia que ele lançou uma gíria nova para chamar uma pessoa de gay. Eu já tinha ouvido a gíria, mas não sabia que a origem era o programa do Ronnie, o que só torna tudo ainda mais do caralho. Olha isso.
Tem uma parte do programa em que Ronnie dá uma de conselheiro, lendo cartas do público sobre relacionamento, vida sexual, etc. Ele lê a seguinte pergunta:
“Ronnie, sou solteiro e há algum tempo atrás fui numa festa do amigo de um amigo meu, que eu não conhecia. Quando chegamos, fomos apresentados e, desde então, não consigo tirar ele da minha cabeça. Estou muito confuso. Isso significa que eu sou gay?”
Imediatamente, sério e sem tirar os olhos da fichinha, ele responde: Significa.
Então, se você ouvir por aí que Fulano de Tal significa, isso quer dizer que ele é gay. E quem inventou a expressão foi o Ronnie Von. Sensacional.

Veja a cena no Youtube, pinçada do Top Five do CQC.

14 de out. de 2008

Os trinta de Luciana

Hoje a minha amiga Lu chegou finalmente àquele lugar que eu tanto falo, faço propaganda e me gabo. A casa dos 30.
Quando eu fiz 30 anos, lembro das minhas tias e da minha mãe suspirando e sorrindo entre elas, como quem diz: que sortuda é a Flávia. Trinta anos. Eu reagia como a Lu, quando eu falava sobre isso para ela: curiosa, mas achando que ali tinha um certo exagero. A minha sensação de ter 30 começou aos 29. Logo depois de terminar um relacionamento ótimo, longo, que tinha tudo para virar casamento. Então eu percebi que não tinha tudo coisa nenhuma. Que tudo era aquela sensação que eu estava descobrindo. Saiam todos da frente que eu preciso viver isso.
Ai, que delícia.
Lembro que explicava esta sensação de uma maneira tosca assim: sabe as letrinhas verdes da abertura do filme Matrix? Eu consigo ler tudo. Tudo ficou claro e simples. A vida é simples (eu sempre repito esta também). É uma sensação de auto-conhecimento, de calma, de certeza do quanto eu mereço ser feliz e do quanto esta felicidade depende de mim para acontecer. Foi nesta época que eu percebi que sou capaz de tornar qualquer ambiente mais alegre. Que posso fazer quem estiver do meu lado muito feliz. Nunca me senti tão bonita na vida. O cabelo rebelde se acalmou, os olhos têm uma expressão que eu nunca notei antes no retrovisor do carro. Afe. É muita informação, é fresco, é leve. Depois dos 30 eu nunca mais tive medo da idade nem de nada. Acho que viver e fazer 40, 50, 60 não tem mistério nenhum. Fico triste quando vejo mulheres que não entenderam isso.
Tudo também ficou muito mais intenso e impulsivo. Eu quebrei muito mais a cara depois dos 30. Antes ficava me poupando, hoje eu quero mais é sentir tudo o que tenho direito. É ruim mas é bom. Sou mulherzinha para ter medo, agora?
Tem muito mais. O corpo clama por um filho, que não vai rolar agora, falo por mim. Só que o corpo não sabe disso e continua lá, clamando. Menina, aproveita isso com todas as suas energias. E eu não estou falando de pegar todo mundo, não. Essa fase já passou, falo por mim, de novo. Estou falando de qualidade, de escolhas, de amor próprio, de intimidade de um jeito que eu nem sabia que existia. Mas chega. Não quero acabar com as surpresas que a minha amiga, que eu tanto amo, vai encontrar a partir de agora. Lu, brilha. E me conta tu-do.

9 de out. de 2008

Baratas ou impagáveis

Recebi duas cantadas desconcertantes nos últimos dias. Elas foram tão na veia que eu me portei como uma ogra e saí pela tangente. Que medo, o que eu digo agora, vou fingir que não entendi. Uma besta, eu sei. Mas eu sou assim.
Isso ficou pipocando na minha cabeça e me fez lembrar de algumas cantadas que foram boas ou péssimas o suficiente para eu me dar ao trabalho de anotar. Olha que beleza:

Eu, usando uma camiseta do Che Guevara, andando na rua. Um cara fala: Eu já gostava do Bob Marley. Agora gosto ainda mais.
Daí em diante eu continuei rolando.

Grupo de amigas comemorando meu aniversário no Rio. Uma delas tascou a desculpa do vou ao banheiro para se livrar de um cara. Ele lançou esta pérola, com sotaque carioquêixs: Pode ir. Mas antes fala o nominho para o marido.

Um cara pergunta: quantos cachos você tem? Se referindo ao meu cabelo. Eu, já fugindo, falei: um monte. E ele: quer mais um?

Eu passeando com meu cachorro e um negão pergunta: De que raça ele é? Eu: Vira-lata. Adotei ano passado. Ele, com olhar sedutor: Quer adotar um Capa-preta? ( ! )

Eu no Carnaval do Rio. Um ator principiante da rede Globo começa a puxar papo comigo e diz que quer me beijar. Eu falo: Imagina, eu nem te conheço, não sei seu nome nem o que você faz (mentira). Ele: Meu nome é fulano, sou ator. Eu: Ah, você é ator? Então é beijo técnico. Aí tudo bem.

E para fechar, uma que o autor conta por aí, com orgulho. Ele pergunta para uma mina, no meio de uma micareta: Você faz cocô? Ela responde, chocada: Aiiiii, faço. Por que? Ele, com sorriso maroto: Porque não parece.

2 de out. de 2008

Velhinhas Safadas

Tem coisa mais meiga e frágil do que uma velhinha? Eu também pensava que não, mas ando fazendo umas projeções e já profetizei: vem aí uma geração de velhinhas safadas, da qual eu farei parte, sem sombra de dúvidas. Qualquer criança sabe que não existe bom velhinho. Mas se você achava que ser tarado era função apenas de velhinhos que jogam dominó, vá se preparando. Eu e um monte de gente que eu conheço vamos ser velhinhas porretas, que vão passar a mão na bunda da galera. Certeza. Quem viver mais umas 3 ou 4 décadas verá.
Eu já decidi faz tempo que terei cabelo lilás e vou morar no Leblon. Vou caminhar no calçadão com aquelas passadas rápidas que só as velhinhas sabem dar e vou me aproveitar de todos os jovens jeitosinhos que tiverem a boa vontade de carregar minhas sacolas, abrirem portas e me cederem os acentos. Que cara de espanto é essa, meu filho? Eu estou morta, por acaso?
O mundo já tem muitas velhinhas safadas. Elas ainda são discretas, mas ô se existem. E para provar, vou escrever aqui a letra de uma música que eu amo do CD Tudo Azul, da Velha Guarda da Portela. Entre um e outro sambinha fofo e ingênuo, começa “Você me abandonou”, cantada por um coro de velhinhas com vozes tão doces. Só que elas cantam esta que é a mais malvada, vingativa e genial de todas as músicas do CD.
Muito, mas muito cuidado com velhinhas que usam brincos de pérolas e cantam músicas como esta com tanta sinceridade.

Você me abandou / Ô, ô eu não vou chorar / Mas hei de me vingar / Não vou te ferir / Eu não vou te envenenar / O castigo que eu vou te dar é o desprezo / Eu te mato devagar

Cara, que medo que eu tenho delas. Adoro.

26 de set. de 2008

O melhor programa de humor da TV brasileira

Eu andava órfã de um bom programa de humor desde que a Bispa Sônia foi para o xilindró. Ficava zapeando por todos os canais na busca de algo que me fizesse dar uma gargalhada tão sonora quanto a que eu soltei quando ouvi a gênia dizendo que “Deus é uma coisa quentinha e gostosinha”, que “o que diferencia um homem e uma mulher perante Deus é que a mulher se maquia e se enfeita e o homem não” ou que “Jesus era um cara piradão que não morreu, só resolveu dar um tempo”. Com licença, mas palmas para ela. Alguém capaz de dizer estas maravilhas tem mesmo que andar com aquela pulseirinha localizadora no tornozelo, comum entre as ararinhas-azuis, os pingüins e os golfinhos que aparecem no Globo Repórter. Os seres humanos precisam ficar de olho e investigar mais sobre esta espécie.
Agora tem outro programa de humor à altura, que é o Horário Eleitoral. Vejo sempre que posso e me deleito com o desfile de aberrações e caras-de-pau. Os partidos nanicos capricham nos trocadilhos como “Pode entrar que a causa é sua”. Adoro. Teve até paródia dos comerciais de Brastemp. Pessoas sentadas em poltronas diziam que aquele candidato não era assim, um Valente. Enaltecendo o candidato Ivan Valente do PSOL. Ver o Maluf caindo no samba e totalmente desconfortável, abraçando os populares é uma piada muito melhor do que qualquer coisa que eu tenha visto recentemente na TV. E os candidatos a vereador? A turma acha que ser parente ou amigo de alguma celebridade duvidosa já credencia para assumir um cargo público. Eu estou seriamente dividida entre a mulher do Maguila, o filho do Romeu Tuma, o advogado do Ratinho, o amigo do Marcelinho Carioca e o filho do Enéas (esse, apesar da semelhança, dizem que nem filho é). Tem também a categoria Pagodeiros na Pindaíba, todos disputando um cargo com Agnaldo Timoteo, Sergio Malandro e Tiririca. Aliás, o Tiririca é mais engraçado neste programa do que nos outros em que apareceu antes. E as perguntas que não querem calar: Quem é 27? Eu sou 27. Quem é 27? Eu sou 27 (repita isso exaustivamente até acabar o tempo do partido). Por favor, alguém avisa para aquele senhor que pinta o bigode que não vai rolar aerotrem em São Paulo. Por que ele insiste nisso?
O destaque musical eu deixo para a tortura da propaganda da Marta. Aquele carrega na catraca, carrega na catraca, carrega na catraca me causa uma irritação comparável apenas a escutar Morango do Nordeste no talo.
Mas o que realmente intriga é a fúria do pessoal assumindo que está com Maluf e não abre. Aquela mulher que berra que as pessoas estão estressadas e perdendo para o trânsito. Amiga, não tem mais ninguém gritando aqui. Estressada é você, bem. Respira fundo, vai. Mas eu entendo. Contratam a coitada para dizer que Maluf é o cara, que ela vai votar nele e tem orgulho disso. Qualquer um ficaria muito puto.

23 de set. de 2008

Banheiro Feminino

Este foi um dos temas do papo com as amigas no fim de semana. Qual o propósito da tal curiosidade em torno do banheiro feminino? Não entendo e nem conheço nenhuma mulher que tenha ficado imaginando o contrário: humm, olha aqueles dois caras entrando juntos no banheiro. O que será que eles fazem lá dentro? Da nossa parte, pode acreditar, ir com uma amiga ao banheiro não passa de comodismo. Já que você vai eu também vou. O motivo é o óbvio: xixi ou maquilagem. Pronto. Desculpe se destruí um mito mas não passa disso. Para falar bem a verdade, até acontecem mais coisas num banheiro feminino mas a gente não costuma contar porque é bem escatológico. Não é para manter o mistério. É vergonha alheia mesmo. Banheiro feminino é normalmente um nojo. A mulherada em geral detona e não está nem aí. Os homens erram a mira. As mulheres erram todo o resto. Fazem questão de deixar tudo (sim, eu disse tudo) espalhado pelo chão e fingem que desconhecem aquele misterioso botãozinho chamado descarga.
Outra coisa que sempre tem em banheiros femininos é alguém vomitando ou alguém chorando. E quanto mais alegre deveria ser a balada, mais gente chorando tem. Banheiro de carnaval e de reveillon é um rio de lágrimas, interditado por gente com o rímel escorrendo. E uma dica: nunca, em hipótese nenhuma, pergunte por que uma mulher está chorando no banheiro. Ela pode ficar agressiva e te botar os cachorros. Ou pode fazer pior: decidir te contar porque está chorando e te manter naquele ambiente fétido por muito mais tempo do que você merece. Coisa que as torneiras automáticas e os secadores de mão que nunca funcionam já costumam fazer muito bem.
Já vi toda sorte de bizarrices em banheiros femininos: da patricinha que me instruiu a mentalizar que a cor da transmutação é lilás, sempre que eu estivesse passando por uma situação difícil até a mulher linda, que todo mundo estava paquerando no bar minutos antes, flagrada lavando o sovaco na pia (falei que ia destruir mitos). Já vi uma que estava na minha frente na fila mas não pôde esperar e fez tudo ali mesmo, deixando a sua calça jeans clarinha gradualmente mais escura. Ju-ro. Vi duas amigas super legais e divertidas jogando o cesto de lixo cheio para dentro da baia da outra. Ou seja: cada uma jogou um cesto cheio de papéis sujos na cabeça da amiga. Fofo, né? E tem a famosa história que eu sempre conto da mina que falou: meu cabelo está tão sem volume, jogou a cabeleira para baixo e enfiou a testa na pia com direito a efeitos sonoros de um episódio do Chaves.
Vai por mim: quando bater a tal curiosidade, esquece. Nem queira saber.

14 de set. de 2008

Velho da Pedroso

Na avenida Pedroso de Moraes em São Paulo, mora um mendigo que passa o dia inteiro escrevendo. Eu sempre tive uma curiosidade enorme de saber o que ele tanto escreve. Então, como passava por lá todos os dias, resolvi levar um prato de comida e ele me deu um dos seus escritos como forma de agradecimento. Fiz isso mais algumas vezes e tenho uma pequena coleção dos textos dele. Peguei amor.
Os textos são intrigantes. Com erros de português mas muito bem escritos, se é que isso é possível. Ele é articulado, usa palavras difíceis, tudo faz sentido (ou quase) e está catalogado com números e datas estranhas. O mais curioso é que ele encerra os textos com uma espécie de assinatura publicitária. Tudo acaba com “Casa Suíno. Modêlo em desigiêne”. Sim, suíno de porcos, “desigiêne” de falta de higiene, sujeira mesmo. Tem uma ironia nisso, o cara é bom. Gosto dele. Sempre que passo por ali vejo se está tudo bem. Ele gosta de morar lá, que eu sei. Já que eu estou meio sem tempo de escrever, aqui vai um texto que eu transcrevi exatamente como estava no papel que ele me deu. Não sei você, mas eu amei.

Oférta:
Géstas – Páginas Autógrafas.
Que
sua vida seja cômo a
da câna de assucar,
que sabe extrair da terra, a maior
douçura do mundo.
Ass. O “Condicionado”
SP. 4-8-1999+5(c).

Que – seria o Nº 377
16-2-99+6(c).

Casa Suíno
Modêlo em desigiêne.

30 de ago. de 2008

Foi ruim para você também?

Conheço um monte de gente que brilha nas salas de bate-papo da internet. Já arranjou namorado, marcou blind date, curte sexo virtual, liga a camerinha e manda ver. Eu admiro mas não encaro. Confesso que tenho preconceito. Acho meio deprê e não acredito que vou gostar de alguém que venha a conhecer nessas circunstâncias. Mas neste exato momento estou escrevendo este post e entrando numa sala do Terra, categoria Cidades, São Paulo. Veja que eu poderia ir direto a uma sala de sexo virtual, mas vamos com calma e ver no que dá. Meu nome é Flavia mesmo e eu acabo de entrar na sala. Dois segundos depois ESPIANDO O SEU DECOTE fala reservadamente comigo: Oi, posso tornar seu dia mais ecitante? Eu nem acabei de superar o assassinato à língua portuguesa e TIGRÃO me fala reservadamente: Oi gatinha, quer tc? Ribeirão Pires e vc?
Eu pergunto para todos em caixa alta: TEM ALGUÉM QUE NÃO SEJA CAFONA NESTA SALA? Fui antipática, eu sei. Marcelo e Kzado SP tinham apenas me dado oi e saíram da sala. Bruninha_Mineirinha pergunta para Kzado SP (o que saiu): Você é casado? Muito lenta, Bruninha. Muito lenta. ESPIANDO O SEU DECOTE aproveita a deixa da minha pergunta, agressiva para os moldes do local, e me diz: Seria melhor se vc tc comigo reservadamente. Assim vc aproveita e me ajuda numa coisa. Eu sempre começo a conversar com mulheres e elas dizem que acham vulgar a maneira como os homens abordam nos chats. Cafona, como vc disse. Como vc gostaria de ser abordada por um homem?
Flavia responde: Olha, eu não tenho a menor idéia de quem é vc. Mas com esse seu nick, tenho a sensação de que estou falando com o Wando. Sei lá, que tal se vc tivesse um nome e escrevesse corretamente e dissesse coisas normais? TIGRÃO me fala que está peladinho e pronto para me dar muito prazer. Eu respondo: Peladinho? Vc é o Tigrão, amigo do Ursinho Puff? TÔ CONDIDA entra na sala e eu pergunto intrigada: O que é Condida? Ela responde: Escondida. Claro, como sou burra: “condida”, tipo bebê falando. ESPIANDO SEU DECOTE fica puto e responde que eu estou na sala errada, que devo estar procurando um meninão. Vc deve ser uma menininha. Olha o que faz a imaginação: uma menininha teclando com o Wando. TIGRÃO deve ter repetido que está peladinho para G@tinh@ Loirinh@, que responde animada: Jura? Sem nadinha mesmo? Tô ficando maluquinha. (Pra que tanto diminutivo?) ESPIANDO O SEU DECOTE sai da sala. TIGRÃO sai da sala. Ei, voltem aqui. Vocês estão fazendo tudo certo. Eu é que não tinha nada que estar aqui. Saí. Para nunca mais voltar. Desculpa aí, mas para mim não dá.

Em algum lugar de São Paulo, o cara que usava o nick ESPIANDO O SEU DECOTE comenta com um amigo: Esses chats estão cada vez piores. Você não imagina a mina insuportável que eu teclei agora. Só tem gente desclassificada.

24 de ago. de 2008

Breve história de quase tudo

Se existem duas frases que eu uso com freqüência, são “Eu sou uma pessoa rasa” e “Me explica como se eu fosse uma criança de 5 anos”. Estou longe de ser burra, mas digamos que os assuntos que me interessam e que eu conheço com alguma (eu disse alguma) profundidade são aparentemente os mais bestas, estúpidos, simples. Do que as pessoas consideram realmente relevante, conheço pouco e assumo. Exemplo: nunca li nada do Hemingway, mas conheci vários bares pelo mundo em que o pinguço tinha mesa cativa. O que me faz simpatizar muito com ele. Mas antes de ler O Velho e o Mar, sou muito mais obstinada em assistir ao último episódio de Seinfeld.
Entendeu o nível do que eu chamo de rasa? Ok.
É por estas e outras que veio parar nas minhas mãos um livro chamado “Breve história de quase tudo”, do Bill Bryson. Um autor americano de best-sellers (eu sei que soa péssimo), um cara que decidiu fazer uma pesquisa de 3 anos sobre o big-bang, as partículas atômicas, a evolução da espécie e do universo e fazer exatamente o que eu sempre peço: explicar como se estivesse falando com uma criança. Claro que 5 anos é força de expressão, mas o livro é tão leve e prazeroso de ler, que dá uma tremenda inveja. Eu realmente admiro quem sabe se expressar de uma maneira tão simples, clara e acessível. Quero que ele se foda muito, de tanta inveja que eu tenho.
Sabe como o desgraçado, filhodaputa, lazarento consegue descrever o trabalho do australiano Robert Evans, que tem um telescópio no terraço de sua casa a uns 80km de Sydney e dedica parte da sua vida para caçar supernovas (já para o Google, bem)? Assim:
“... imagine uma mesa de jantar comum, coberta com uma toalha preta. Alguém joga um punhado de sal sobre a mesa. Os grãos espalhados podem ser comparados a uma galáxia. Agora imagine outras 1500 mesas iguais – número suficiente para lotar um estacionamento do Wall-Mart ou para formar uma linha com mais de 3km de comprimento – cada qual com um arranjo aleatório de sal em cima. Agora acrescente 1 grão de sal a uma das mesas e deixe Bob Evans caminhar por entre elas. De relance, ele o localizará. O grão de sal é a supernova.”
Se rasga, maluco. Eu te odeio. Muito. É tão legal, tão bem escrito que dá raiva. Eu estou completamente viciada no livro. Recomendo com louvor e estrelinhas. Como uma criança de 5 anos.

23 de ago. de 2008

Invisível

Aconteceu comigo. Eu fiquei completamente invisível. O mais estranho é que antes de sair de casa eu dei aquela última conferida no espelho e estava tudo lá. Não sei explicar como aconteceu mas foi isso. Tá, eu lembro que quando era criança e assistia ao Sítio do Pica-pau Amarelo, acreditava em pó de pirlimpimpim. Mas convenhamos que ninguém aqui tem mais idade para isso. Só vejo uma explicação: alguém deve ter se concentrado muito para isso acontecer, mas juro que não fui eu.
Tinha gente que me via e gente que não. Eu podia passar através de quem não me via. Passei várias vezes. Para lá e para cá. Sabe coisa de filme? Você passa através da pessoa e vê tudo o que ela tem por dentro.
Eu sei que parece brincadeira. Tem gente que vê ovnis, tem gente que fica invisível. Difícil de acreditar mas quem passa por coisas assim sabe que aconteceram, mesmo que sejam inexplicáveis. Foi tão desconcertante que eu não consegui me divertir com isso. Eu poderia ter derrubado copos, distribuído pescotapas, ficado pelada, feito o diabo. Mas não. Pelo contrário: travei, fiquei assutada. No dia seguinte, fui tomada por uma vontade enorme de sumir. Mas agora tenho que aceitar a realidade. Fazer o que se eu tenho super-poderes?

18 de ago. de 2008

Medalhas Olímpicas do Ridículo

BRONZE
Quem viu a vitória do César Cielo pela Globo e teve vontade de afogar o Galvão Bueno toca aqui. Gente, o que foi aquilo? Era um tal de vovó Olga para lá, vovó Olga para cá. O neto se prepara anos para aquela medalha e, quando ganha, a avó não tem o direito de ouvir o que ele diz nem de curtir o momento porque o Galvão não pára de fazer perguntas estúpidas, comentários piegas, e de contar o quanto aquele momento será inesquecível para ele mesmo. Afe. Ela só queria abraçar as pessoas, chorar, comemorar. E ele: Vovó Olga (como se ele não fosse mais velho do que ela), fala qualquer coisa que você está sentindo agora. Qualquer nota, isso sim.

PRATA
Uma coisa que me irrita profundamente é a dupla-de-jogadores brasileiros-naturalizados-na-Georgia, do vôlei de praia. E isso não pode ser citado separadamente. Tudo o que eles fazem é narrado exatamente assim pelos jornalistas e comentaristas. A dupla de jogadores brasileiros naturalizados na Georgia ganha destaque. Ponto para a dupla de jogadores brasileiros naturalizados na Georgia. A dupla de jogadores brasileiros naturalizados na Georgia almoça numa churrascaria. A dupla de jogadores brasileiros naturalizados na Georgia quer cocô. Fora o trocadilho. Eles gostam de ser chamados de Geor & Gia. Gente chata. Se ao menos fosse uma dupla de brasileiros naturalizados em Trinidad & Tobago. (A-do-ro Trinidad)

OURO
Meu amigo Roger Bassetto (www.rogerbassetto.com.br) fez o comentário mais genial e definitivo sobre as Olimpíadas. Segundo ele, a marcha atlética só pode ser um esporte inventado pelos caras do Monty Python. Aquela reboladinha, acompanhada pela expressão séria e concentrada dos competidores tem tudo para ser piada. E das melhores.

12 de ago. de 2008

I’ve got you under my skin

Quando eu era pré-adolescente, cool era quem tinha lido o livro Eu, Christiane F, 13 anos, você sabe o resto. Acho que era o equivalente hoje, a ler o último Harry Potter antes de todo mundo (geraçãozinha mais sem graça esta, não?). Uma das coisas que eu lembro deste livro é como eram narradas as crises de abstinência dos viciados em heroína. Os amigos da Chris chegavam a coçar o corpo com uma escova de cabelos até ficarem em carne viva, tal era o desespero.
Todo este blá-blá-blá para chegar na comparação: se a paixão é química e causa euforia na gente, se separar de quem a gente ama pode causar uma crise de abstinência tão intensa como a de qualquer outra droga.
Não sei você, mas eu já senti dor física, contrações musculares, náuseas (juro) e já me desesperei de tanta falta que eu senti do meu amor. É uma experiência das mais pavorosas. E o mais louco é que eu nem posso dizer que não recomendo porque, assim como as drogas, só passa pela crise quem sentiu antes todo o prazer e a euforia de viver a história em si. É péssimo mas vale à pena. Muito. Se joga. Agora.
Deveriam inventar clínicas de desintoxicação para isso. Os pacientes oscilariam entre os que foram por contra própria, pediram ajuda a parentes e amigos zelosos, e os tipo o cara do Polegar, que engolem pilhas e vivem dando bafão. O fundo do poço.
E as recaídas? Você reencontra o bofe, rola um flash back e sua família pára de confiar em você, seus amigos se decepcionam. Você é mesmo um fraco. Tem dias que eu venderia a TV de plasma do vizinho por alguns minutos de uma recaída dessas. Mas aí entra em cena o amor-próprio e o orgulho, que te trazem de volta para o macio e o quentinho que é esta merda em que a gente vive quando sofre por amor. O grande problema é que tudo o que lembra a pessoa faz a gente tremer, piscar um olho só e bater o pé direito no chão, tudo ao mesmo tempo. Os lugares que você freqüenta, os filmes, as músicas, tudo isso deveria ser tirado do nosso alcance. O que não adiantaria nada porque, como bons viciados, a gente faria fundos falsos em gavetas para esconder fotos, faria playlists com nomes fake no ipod. No meu caso, jazz é um estopim. E eu sei que nunca vai chegar o dia em que eu vou dizer: estou há X dias sem ouvir Ella Fitzgerald, Louis Armstrong ou Dinah Washington. Há de chegar sim, o dia em que eles não vão causar mais tanto frio no estômago.
Estou quase lá.

4 de ago. de 2008

Dois anos

Hoje o Bacanérrimo faz 2 anos.
E quase que a data passa batida, não fosse uma curiosidade que me veio. Olha que louco. Fui ver a data da primeira postagem e pimba: 4 de agosto de 2006. Há 2 anos eu me prometo que vou escrever com mais disciplina. Há 2 anos eu espero o Chris dar um tapa no meu template (rararararara). Há 2 anos eu tento descobrir como colocar aqui uma lista de blogs que eu amo e não coloco porque sou burra e não sei usar as ferramentas. Posso dizer que faço terapia há dois anos porque isso aqui tem sido uma válvula de escape para dizer o que eu penso (e eu penso muito). É uma delícia ver que tenho leitores fiéis. Fico triste quando algum deles não comenta, me preocupo, acho que pode estar resfriado ou pior, achado uma bosta o que eu escrevi (freqüentemente eu acho, mas é que eu sou capricorniana com ascendente em áries). Fico feliz quando vejo gente nova comentando. Ai, ai...
Bom, fora a cobrança para o Chris me ajudar, peloamordedeus, a mudar o template, este post é pura e simplesmente para agradecer. Obrigada para quem lê e, especialmente, para quem volta sempre. Obrigada para os escritores de outros blogs maravilhosos que indicam o Bacanérrimo entre os seus favoritos. Se eu soubesse, retribuiria. Obrigada para quem repassa os textos. Para quem cita algumas coisas que eu escrevo aqui. E obrigada até para quem copia na cara dura e não cita (tem isso também). Beijocas estaladas.

1 de ago. de 2008

Não estou preparada

Um dia vai acontecer. Não resta a menor dúvida. Mas nada nem ninguém que já tenha passado por isso ameniza ou torna a questão mais fácil de encarar.
Definitivamente vai ser um dia muito triste o que eu vir a me deparar com meu primeiro pentelho branco. Será como um registro de: agora é ladeira abaixo, gata.
Espero que demore muito.
Não estou pronta para lembrar do Cid Moreira toda vez que tiro a roupa. Fora a voz, que só eu vou ouvir nos meus pensamentos, me dizendo um sonoro Boa Noite.

26 de jul. de 2008

TFFC - Tô Fora Futebol Clube

Um time que você já deve ter visto por aí.
O uniforme oficial consiste no seguinte: calça leging de cotton, camisetão que cobre a bunda, tênis tipo Keds ou qualquer outro que seja ou tenha algum detalhe cor-de-rosa. Pronto. É assim que uma mulher sinaliza para o mundo que saiu de campo, que não quer mais brincar, que não está mais interessada em ser bonita e atraente para ninguém. Nem para ela mesma. A justificativa é em nome do conforto. Assim elas se sentem mais à vontade.
Desculpa, mas uma mulher só se sente à vontade de verdade quando sai de casa de bem com o espelho. E uma perguntinha: tem coisa mais confortável do que um vestido? E mais feminina? Essa combinaçãozinha é de doer e ponto. Ela está para uma mulher assim como a calça de moleton com pochete está para o homem. Fim de carreira.
Sim, é fútil. Não, nem todas as mulheres ligam tanto para a aparência (é só dar uma olhada nos membros do PSOL). E é claro que eu não tenho nada a ver com isso. Digamos que seja apenas um toque. Pensa duas vezes antes de sair de casa com essa roupinha, please. Se quer malhar no parque, não leva o poodle (gostei dessa frase e ela vai ficar mesmo não tendo, aparentemente, nada a ver com nada). Se não está com tudo em cima para usar um top, usa um agasalho, um colete, mas esquece essa camisetona, que isso é mais um outdoor, uma bandeira, uma fachada de neon piscando e gritando a plenos pulmões que a sua auto-estima foi para o saco. Quando é usada para malhar, até que ainda passa (não, não passa), mas essa mulherada se veste assim para tudo, para todas as atividades do dia. E as que ainda têm a cara-de-pau de “transar” uma bolsa com detalhes em dourado por cima do visu confortável? Afe.
Essa combinação sempre vem acompanhada de uma atitude quase deprê, que mostra que você não liga mais para você mesma. Os outros, com quem você não deve se importar, são um mero detalhe. O problema é você.
Ninguém precisa sair de casa vestida de proibidona do funk para mostrar que está se sentindo bem. Longe disso, peloamordedeus. Mas convenhamos, não precisa pensar muito para ver que dá para caprichar um pouquinho mais. E toda mulher sabe a diferença que isso faz. Despendura já essa chuteira, que até alguém voltar para provar o contrário, a vida é uma só. E é um luxo.

21 de jul. de 2008

Novelês básico

Desculpe mas isso não é inspirado na vida real, nem mera coincidência. Nem eu nem ninguém jamais ouviu falar por aí certas frases que pipocam nos diálogos do horário nobre. Simplesmente não dá. Eu até uso algumas delas com freqüência, mas claro que é para tirar um sarro. Olha que belezinhas estas que eu lembrei outro dia:

- Prepare meu carro que eu vou sair. (Sempre falo esta para os manobristas e eles não acham graça. Eu acho.)
- O Dr. (Nome do Ricaço) está esperando por você na biblioteca (casas de ricaços de novela sempre têm biblioteca).
- Preciso ficar um pouco sozinha.
- Parem este casamento (sempre, sempre, sempre).
- Cala a boca e me beija (com dois dedinhos, de leve, tocando a boca do amor). Ou a variação: Não fala mais nada e me beija.
- Não é nada do que você está pensando (essa me irrita).
- Me abraça forte.
- Eu não sou sua mãe (pai), sou sua irmã (ão).
- Vamos fugir para algum lugar bem longe.
- Você não pode se casar com (Nome do Galã / Mocinha) porque ele (a) é sua (seu) irmã(ão).
- Estou frágil (adoro essa).
- Dona (Nome da Secretária Figurante), venha até o meu gabinete.
- Se alguém tiver algo contra este casamento, que fale agora ou cale-se para sempre. (alguém já ouviu isso num casamento de verdade? Duvido.)

Ai, ai. Adoro essas inutilidades.

9 de jul. de 2008

Lei Seca

Seca, na língua dos solteiros de plantão, significa não tô pegando ninguém. Se um amigo desabafa que está numa seca dos infernos, você já sabe que ele não pega nem gripe, tadinho. E essa Lei Seca está servindo mesmo para acabar de vez com as nossas chances de diversão e perversão.
Tem coisa mais chata? Você sai de casa na nóia de ser pego numa blitz, ter que soprar aquele canudinho constrangedor com direito a câmeras da Rede Globo registrando tudo. Eu tenho mais medo dos meus pais me verem soprando na TV do que perder a carta ou pagar multa.
A Lei Seca acabou com os papos animados nos bares. Ontem eu fui encontrar uns amigos e me deparei com o lugar, que deveria estar lotado, com várias mesas vazias. Estranho. E os poucos sobreviventes falam sobre o mesmo assunto: Lei Seca. O que você tem o direito de fazer, que caminho fazer para voltar para casa e não passar por nenhuma blitz, se é razoável ou não é. Papo chato. Em vez de comentar sobre alguém no balcão as pessoas falam de táticas para burlar a lei, como chupar o bafômetro, em vez de soprar (genial). Ou inventar engenhocas como cápsulas de gás carbônico puro que você coloca na boca, morde e sopra no canudinho. E as estatísticas (deu no Jô): 30% dos acidentes são causados por motoristas alcoolizados. O que quer dizer que os outros 70% de todos os acidentes são culpa dos sóbrios no volante. Fiquem de olho nessa gente e deixem os boêmios em paz. Claro que tem gente que abusa. Mas isso precisa ser mais razoável, menos hostil e agressivo. Repararam que todos os cambaleantes que aparecem na TV são de Sorocaba? Pegaram os sorocabanos para cristo?
Mas o que mais me irrita são as pessoas tentando fazer disso uma coisa divertida. Como aquela mesa dos amigos suuuuper felizes da firma reunidos num bar, que sempre aparece no Jornal Nacional. Eles têm o “Amigo da Vez”. Nome divertido para o looser que vai passar a noite se entupindo de Coca-Cola e depois levar a galera bebum para casa. Ora, não me encham o saco. E os bares que têm seus próprios bafômetros? E as pessoas que decidiram comprar seus pocket-bafômetros e carregar na bolsa? Gente cafona.
Que graça tem ir numa balada e não poder beber nem um embelezador para achar lindo aquele cara mais ou menos, nem um encorajador para puxar um papo do nada. E o preço da balada mais o táxi de ida e volta? Tudo errado. Resolvam essa lei e a nossa seca. Seu bando de desmancha-prazeres.

8 de jul. de 2008

Última Coca Zero do deserto

Tem dias que a gente sai de casa se achando tu-do. Eu adoro essa sensação.
Por mais que a gente esteja usando o mesmo jeans de sempre, a bota que já tem a forma do pé, a blusinha legal mas sem nenhum motivo para causar o efeito que causa, dá para ver a expressão das pessoas olhando. E eu não posso culpá-las por isso (tá, parei). Tem horas que eu penso: gente, tadinho do gordinho, ou do magrelo, do bigode, do bofe, enfim. Olha a cara dele olhando para mim. Parece que não vê mulher há tempos. Mas o que provalvelmente eles não vêem mesmo, pelo menos não com freqüência, é alguém se sentindo bem consigo mesma. Andando com passos largos e o cabelão voando nesses dias lindos de sol que têm feito. Este é o segredo. É o que faz a diferença. A maioria das pessoas anda de cabeça baixa, desviando olhares, com a testa franzida e a alma pesada. Eu não.
É ou não é assim? Estou falando alguma besteira? Gente, será que sou eu mesma, então? Sabia.

29 de jun. de 2008

As Pontes de Madison

As Pontes de Madison foi o filme que mais me fez chorar na vida.
Entrei no cinema com 2 amigos, sem saber direito do que se tratava e saí pensando em me tratar. Que choradeira foi aquela? Soluços no cinema. Não estou falando de lágrimas furtivas escorrendo pelo rosto, mas de berreiro, tosse, dor. Como é que o Clint Eastwood, que até então era só o Dirty Harry, podia ter uma sensibilidade daquelas e traduzir tão bem a alma feminina? O bronco de Magnun 44 me mostrou que podem existir homens sensíveis no mundo. Afe.
Comprei o VHS mas não tinha o DVD. Nem eu nem nenhuma loja porque estava esgotado há anos. Eis que sexta-feira eu fui na Fnac e encontrei finalmente. Saiu uma edição especial. Oba. Quero. Quero muito.

Agora que eu sei exatamente do que se trata, cadê a coragem de assistir?

A única certeza que eu tenho na vida

Quando eu voltei de Londres, uma das primeiras providências que tive que tomar foi comprar luvas, ferramentas e me dedicar à jardinagem. As plantas tinham crescido tanto que não deixavam mais o sol bater no meu quintal. Como nunca tinha feito isso pedi dicas para o meu pai, que me falou que maio era o melhor mês para podar as plantas. Timing perfeito (odeio esta expressão com todas as minhas forças, mas neste caso...). Outra dica: não dá para sair cortando qualquer galho. Tem que fazer a árvore parecer uma taça. Cortar os galhos de cima e deixar os dos lados formando a copa (copa, taça, pegou?). A pitangueira, tadinha, tava toda esquisita, com galhos desengonçados para todos os lados, atrapalhando a passagem e com as folhas secas, começando a cair. Eu mandei ver: fui cortando os galhos com medo de acabar com a coitada mas sabendo que aquilo era para o bem dela.
Quase dois meses depois, a pitangueira está lá, linda, gata, coberta de florzinhas, cheia de abelhas, praticamente um bacanal da flora acontecendo.
Ir para Londres foi a melhor coisa que eu podia ter feito. Por mim e por ela.

23 de jun. de 2008

Melhor sem ela

Sabe de uma coisa que nós mulheres devemos tirar das nossas vidas, não ter em hipótese nenhuma, execrar, chutar para bem longe? Não é gordura localizada nem amiga falsetona, não. É expectativa.
Expectativa é um peso nas nossas costas. Eu, graças a deus, aprendi na marra a domar e a viver sem a minha. Rompemos definitivamente.
Primeiro porque quando você tem expectativa de que alguma coisa aconteça, por mais que tudo realmente se concretize, nunca é como a sua expectativa imaginou. Fora o primeiro beijo que foi tudo e mais um pouco na minha vida, todas as primeiras outras coisas foram muito aquém do que eu esperava. E eu só não desencanei para sempre delas por que? Porque na segunda vez já não tinha mais nenhuma expectativa. E aí foi brilho total. Pegou? Simples.
Expectativa é o sentimento mais desmancha-prazeres que uma pessoa pode ter na vida. Ela impede a coisa mais genial do mundo, que é quando a vida surpreende a gente, pega desprevenida mesmo. Quando você menos espera, é arrebatada. Ai que delícia.
Não chega a ser uma Síndrome de Zeca Pagodinho, que eu sou capricorniana com ascendente em áries e esse papo Deixa a Vida Me Levar me deixa fora do corpo. Mas não esperar nada de nenhuma situação nem de ninguém é libertador. Até porque, gata, mesmo sem nenhuma expectativa, a gente tem instinto e força para enfrentar tudo. Que venga el toro.

13 de jun. de 2008

Happy Ballantines Day

O título deste post foi o nick do MSN de uma amiga hoje, dia dos namorados. Adorei porque resume um comportamento.
De longe, esta data causa muito mais comoção em quem não tem namorado do que nos próprios pombinhos. Quem tem, deixa o presente para a última hora, faz um programinha romântico em casa para não encarar fila de restaurante logo hoje. Tira de letra. Já nos solteiros, esta data causa reações adversas. Se você tem amor aos dentes, não pergunte “quais são os planos para hoje?” para quem você não tiver certeza absoluta que tem namorado. Não ter, neste dia, é péssimo, terrível, degradante.
Tem gente que quer matar os casaizinhos apaixonados, fica olhando com desdém para as pessoas com pacotes de presente andando pelas ruas e comenta: Tá vendo? Deixou para a última hora e ainda comprou coisa mixa. Também é comum ficar repetindo aos quatro ventos que é apenas mais uma data para estimular o consumo, blá, blá, blá. Mas a verdade é que todo mundo está é doido para consumir alguém. Vamos ser honestos.
Milhares de baladas de solteiros pipocam pela cidade. Sair, se divertir, navegar é preciso. Quem não tem namorado quer é beber todas para esquecer esta data e chegar amanhã no trabalho com cara de “aprontei muito”. Mesmo que a balada tenha sido só um porre.
Quem não vai por nada deste mundo para a balada dos solteiros sedentos prefere passar o dia fazendo piadas para descontrair. Tipo: nem ligo. Duas amigas telefonaram para me desejar feliz dia dos namorados. Outra perguntou se eu tinha comido alho para comemorar esta noite. Eu mesma sugeri que uma turma fizesse uma reserva num restaurante romântico. Mesa para 10. Qualquer coisa a gente fala que é uma suruba. Tudo para ocupar metade do ninho de amor dando gargalhadas sonoras e quebrando o clima. Su-per engraçado, né? Pura inveja.
Abafa, vai. Amanhã é dia de Santo Antônio. Vai que ele ouve as preces da minha mãe.

8 de jun. de 2008

Mais do mesmo

Outra história real. Fazer o que se elas são ótimas e vêm até mim. Eu não resisto. Ouço e tenho que dividir.

A mãe de um conhecido lá de Porto Alegre vai passar uma temporada no Rio de Janeiro. Uma tarde, andando pelo Leblon, vê um rosto muito familiar e decide perguntar:
- Com licença, por acaso tu és de Bagé?
- Não.
- Nossa, mas tu és muito parecido com os filhos da Dona Arminda. Tu não tens parentes pelo Rio Grande do Sul?
- Não, nenhum.
- Mas é impressionante o que tu me lembras o José César e o Waldir. Desculpe perguntar, mas qual é o teu sobrenome?
- Matogrosso.

De novo, o Ney. Tá, eu paro.

27 de mai. de 2008

Checklist

Minha bunda sumiu. Veja bem, o verbo é sumir e não cair. Quem foi minha colega de faculdade pode testemunhar que fui Miss Bumbum no dia do trote dos calouros. Ok, isso não é nenhum mérito e foi lá pelos idos de 91. Mas que eu tinha bunda, tinha. Estou a ponto de colocar fotos em caixas de leite, faixas pelo bairro. Acho que não nos veremos mais. Paciência.
Meus cílios cresceram. Eles nunca fizeram curva antes. Nem quando eu caprichava no rímel. De uns tempos para cá estão mais longos e com as pontinhas viradas para cima. Minha amiga Cris que faz minha make em ocasiões para lá de especiais já nem coloca mais os tufinhos postiços nos cantos, que eu tanto amo. Ela diz que não precisa. E se ela diz, eu acredito.
Meus cabelos amansaram. Eles continuam cacheados, longos, com frizz. Mas agora não são mais indomáveis. Acho que encontrei o creme certo. Encontrei não, a Cris (de novo ela) me apresentou. Por baixo eles estão alisando. Os brancos estão vindo com cada vez mais força mas eu ainda não preciso pintar. Arranco todos que vejo. Sou mais forte do que eles. Alguns estão adquirindo um tom acobreado. Pensei que era sol mas é falta de pigmento mesmo. Pré-cabelo-branco. Ai, ai.
Cintura, nunca tive. Sempre fui meio reta, meio tábua. Panturrilha também não, mas agora eu tenho. De ouro.
Barriguinha. Adquiri. Mas hei de queimar. Braços, tenho que firmar. Coxas idem. Segunda-feira eu começo.
Pés agora eu mostro. Antes tinha vergonha, hoje acho eles bem normais. Eles não mudaram. Fui eu.
Celulite. Positivo. Estrias. Operante, mas bem poucas. Quase nada. Espinhas. Ainda.
Rugas nos cantos dos olhos também andam marcando presença. Nunca usei creme mas sei que tenho que começar.
Nada mudou nas minhas mãos. Mas já me disseram que mão denuncia a idade. Essa eu não sabia.
Peso não aumentou. Miopia aumentou. Agora tenho 5,25 e meu oftalmo falou que não posso fazer cirurgia porque não estabilizou. Ufa, odeio cirurgias.
Pescoço, ok. Queixo, ok. Peitos pequenos, de verdade, para o alto e avante. Saboneteiras, lindas de morrer. Sardas no colo, odeio. Tenho que usar pencas de protetor solar para elas pararem de pintar por lá.
Pêlos não diminuem com o passar dos anos como mentiu minha depiladora. Mas descobri que depilação é que nem cócega. Quando os outros fazem a gente sente mais. Eu mesmo cuido disso com meu Satinelle da Phillips (não é merchandising, é gratidão).
Quando fico de ressaca é para valer. Passo o dia seguinte inteiro sem prestar para nada.

Cabo da Boa Esperança, aqui vou eu.

21 de mai. de 2008

Ombro amigo. Adoro.

Você tem uma sensação constante de que os problemas dos outros são muito menores do que os seus? Claro que não estou falando de problemas absurdos tipo jogarem minha filha de 5 anos pela janela ou alguém da minha família estar doente. Problemas normais, de mulherzinha, tipo falta de auto-estima, relacionamentos complicados, angústias, crises no trabalho, etc.
Eu me sinto uma analista fodalhona toda vez que minhas amigas fazem meu ombro de divã e pedem conselhos sobre a vida. Sempre tenho alguma coisa sábia a dizer. A impressão que dá é que a solução para os problemas delas é tão simples e clara que nem problema elas têm.
Acho que é assim com todo mundo. Uma mistura de egoísmo e generosidade. Você adora e se sente apta a resolver os problemas dos outros simplesmente porque nada pode ser pior do que os seus. Viver a sua vida com as suas mazelas torna você phd em problemas. Agora ouve a voz da minha experiência e faça isso ou aquilo. Ora, isso lá é problema que se apresente? Se eu te contar o que estou passando...
Daí eu conto e acontece o mesmo, só que ao contrário: alguém ouve os meus lamentos e tenta me mostrar que eu estou fazendo tempestade num copo d’água tônica. Enquanto ouço o diagnóstico sábio da minha amiga confesso que sempre penso: esta pessoa não tem idéia do que é passar por um problema deste tamanho. De novo, meus lamentos são maiores do que qualquer coisa que ela já viveu. Vou deixar ela falar, que ela é uma fofa, a intenção é boa, mas vai entrar por um ouvido e sair pelo outro.
O mais louco é que, mesmo assim, a gente continua ouvindo e procurando as boas amigas quando a coisa aperta. E sinceramente a gente precisa disso. A gente ama isso. A necessidade de ouvir e de falar continua. Acho que é porque verbalizar as coisas alivia. Falar de problemas e soluções organizam as nossas idéias. Nunca fiz mas este deve ser um dos princípios da terapia.

Olha eu aqui de novo, falando como uma analista fodalhona. E você aí pensando: ok, vou fingir que isso me tocou de alguma forma, que me identifiquei. Talvez eu até deixe um comentário. Pura educação.

19 de mai. de 2008

Sobre como é bom estar de volta

Uma mulher percebe que ficou muito tempo longe dos amigos quando descobre um fio de cabelo branco enorme, comprido e absolutamente visível na parte de trás da cabeça. Devia estar lá há um bom tempo mas ninguém era íntimo o suficiente. Ninguém teve a manha de avisar ou arrancar.

18 de mai. de 2008

Desabafo rápido

Sábado à noite. Aniversário de um amigo. Eu e outra amiga conversando próximas ao balcão. De repente um amigo do meu amigo (explico assim para você entender que não se tratava de nenhum maloqueiro) chega tentando arranjar uma brecha para ir até o balcão lotado. Ele passa colado na gente e fala para minha amiga:
Vou ter que passar aqui por trás para chegar no balcão. Se você sentir alguma coisa foi por querer viu. Ele ainda repetiu. Se sentir alguma coisa, foi muito por querer.
Eu fiquei tão passada que não agüentei e disse: Nossa, mas que grosseria foi essa?
Gente, eu tô ficando louca? Se um cara pode dizer isso para uma mulher eu também posso distribuir pescotapas, certo? Eca.

15 de mai. de 2008

Trágico se não fosse cômico

Claro que vou omitir nomes porque é um assunto delicado. Mas olha que delícia de história verídica.
Conheci a amiga de uma amiga recentemente. Gente boa, figura. Fui a um jantar na casa dela que estava toda animada, colocando músicas de carnaval que acabara de baixar na internet. Até que o shuffle do ipod baixou o astral com uma música do Cartola. Eu comentei que adorava e que tinha um CD do Ney Matogrosso cantando Cartola que era maravilhoso. Percebi que ela fez uma cara estranha e comentou: Nossa, há quanto tempo eu não ouço falar do Ney Matogrosso. Que estranho você falar nele... Estranho por que?
Porque minha avó morreu de rir do Ney Matogrosso.
Foi exatamente isso: a avó estava assistindo o Cassino do Chacrinha e o Ney Matogrosso começou a cantar e dançar daquele jeito que a gente bem conhece. A vovó começou a rir, mas rir tanto que teve um piripaque e partiu desta para melhor.
Adoro esta história. E se pudesse escolher, queria morrer exatamente assim.

7 de mai. de 2008

Gente mala

De acordo com as novas regras de segurança dos aeroportos para controle de bagagens de mão, quanto mais perua ou mais metrosexual for a pessoa, mais chances ela tem de ser terrorista. Esqueça aquele preconceito tolo contra os muçulmanos barbudos e gente com pano na cabeça. Graças a estas novas regras eles tiveram uma trégua merecida. Quem está sob a mira das câmeras do circuito interno de segurança e realmente atravanca a fila do raio x é aquela patricinha com a frasqueira cheia de cremes, perfumes e maquiagens importadas: “Eu despacho, eu despacho, mas tira a mão do meu demaquilante agora”. As Drags, tadinhas, despacham o glamour, preferem vir desmontadas e passam a viagem inteira morrendo de inveja da make das aeromoças da Tam (!!!). Já os indefesos metrosexuais são obrigados a tirar o pulôver de cima dos ombros e colocá-lo numa caixa. Sentindo-se nus eles são fuzilados pelos olhares constrangedores dos funcionários da segurança. A bolsa passa pelo raio x, a mocinha olha, volta, baixa os óculos para a ponta do nariz e confere mais de perto na tela. “O que é este frasco grande na sua mochila? Creme de barbear?”. O metro, já tenso, responde: “Juro que não. Eu faço barba a laser tem 8 meses. Pode conferir”.
Mães com crianças também passam perrengue. E não é porque o pirralho fica 5 horas berrando e chutando a poltrona da frente, que para isso elas nem ligam. É pelo conteúdo das mamadeiras. Leite Ninho, Toddynho, hummm, suspeito.
Eu fui obrigada a tirar as botas e pagar o mico de mostrar minhas meias amarelas do Homer Simpson para todo mundo. Depois da sessão desapego com meus shampoos, a funcionária da companhia me alertou: se você tiver rímel na bagagem de mão, coloca num plástico para passar no raio x. Ela insistia nisso, falou várias vezes sobre o rímel. Mas por que mesmo? Será que existe uma bomba a la 007 cujo detonador é a escovinha do rímel? Será que esta bomba tem poderes de destruição altíssimos e lança estilhaços de cerdas de nylon fulminantes direto na jugular dos passageiros? Depois que o avião decola a Pati-bomba vai sorrateira retocar a make leve no banheirinho claustrofóbico e joga tudo mais pelos ares ainda num simples girar de tampa do rímel Dior (o melhor, diga-se de passagem).
Por outro lado, ninguém me tira da cabeça que o frango ao molho de gorgonzola que serviram no vôo Lisboa-São Paulo era uma arma química das mais destrutivas. Não encarei.

PS: Voltei.

17 de abr. de 2008

Com dente, por gentileza.

Da mesma maneira simplista que todo mundo pensa num francês e imagina alguém sem banho, num(a) português(a) de bigode, num irlandês bebum e num holandês maconheiro, eu já tenho minha conclusão sobre os ingleses.
Inglês é sem dente.
Uma coisa lamentável, mas a maioria do povo daqui não tem aquele hábito que a sua mãe tanto insistiu e te ensinou sobre escovar os dentinhos em movimentos circulares antes de dormir e depois de todas as refeições. A galera definitivamente pula esta parte e não faz nada disso. Se acontecer o óbvio e os dentes apodrecerem e caírem por falta de cuidado, tudo bem. Eles continuam sorrindo com suas bocas bem abertas e não se importam nem um pouco que todo mundo veja que tem uma turma faltando. E eu não estou falando de velhos senhores sem pivô nem de pessoas miseráveis. Mas de adolescentes, adultos, velhos e crianças. Ok, criança pode.
Não sei você mas eu sou quase obcecada por dentes. Pelos meus e pelos dos outros. É uma coisa que me chama muita atenção. Limpinhos, asseados, enfileiradinhos, nem precisam ser totalmente retos, nem tão brancos como os dos atores da Rede Globo (já falei sobre isso aqui). Por mim também estão dispensadas as pedrinhas e lascas de ouro que tem gente que gosta de colocar.
Pode faltar cabelo, gominhos no abdômem, roupas bacanas, dinheiro, assunto (não, assunto não pode), experiência, traquejo, boas maneiras, tudo. Mas dente é que nem auto-estima: não pode faltar nunca.
Tudo isso para justificar que não, eu não arranjei nenhum namorado inglês em Londres. Sou mais dos italianos, aqueles cafajestes.

26 de mar. de 2008

Teorias de Araque

Quando decidi o título deste post resolvi fazer uma pesquisa rápida sobre a origem da expressão De Araque. Adoro descobrir estas coisas. Só encontrei uma resposta que deve ser verdadeira porque faz muito sentido. Araq é o nome de uma bebida árabe, destilada e derivada da seiva de palmeira ou de arroz, aromatizada e com altíssimo teor alcoólico. Por isso a conversa vira de araq ou de araque (aportuguesando) quando se bebe muito e já não se sabe o que se diz.

Toda mulher tem uma (ou mais) amiga filósofa de araque, que tem milhares de teorias sobre a vida. Teorias totalmente vazias e que parecem pinçadas de um folhetim ou de algum diálogo das novelas da Janete Clair (gênia) dos anos 70. Que fizeram sentido para as donas de casa daquela época e continuam sendo repetidas até hoje.
Por exemplo: alguém está na maior deprê porque terminou com o namorado. A amiga filósofa de araque entra em cena e tasca um: Não fica assim porque se terminou é porque não era para ser. Tem coisa mais conformista neste mundo? Éla é do bem, claro que quer dar uma força, mas acaba dizendo o mesmo que esquece, não adianta lutar pelo bofe, caso perdido, joga já essa toalha. E já emenda na próxima frase-chavão que sempre vem coladinha com esta primeira: As coisas acontecem quando têm que acontecer. Como elas adoram esta. Ou seja: pode esperar sentada porque o que é seu está guardado. Você não precisa mover uma palha para conquistar o seu amor. Ele vai chegar na hora certa. Tipo vinte para as três.
Outra que me dá coceira mas eu vivo escutando é: quando a gente está procurando um amor, aí é que ele não aparece. Gente, baseado no que mesmo? Claro que é uma delicia ser absolutamente arrebatada por um amor que você nunca imaginou que poderia surgir, mas qual é o problema de querer alguém? De sair de casa a fim de beijar na boca, de preferência um cara que seja bem bacana e que possa vir a ser um namoradinho. Por que não? Porque a filósofa leu em algum livro (olha isso) que os homens sentem uma vibração quando a mulher está querendo namorar. E isso faz com que eles se afastem.
Gata: os homens não percebem quando as mulheres fingem orgasmos. Vão perceber vibração subliminar? Ora, faça-me o favor.
E a bronca não é para a amiga filósofa, não. É para quem dá ouvidos para estas tolices e deixa de procurar, de tentar, de se expôr e de eventualmente quebrar a cara porque acredita em destino, em timing perfeito e em horóscopo de jornal. A vida é muito mais simples do que isso. E me dá mais uma dose desse araq que agora eu empolguei. Dupla, por gentileza.

22 de mar. de 2008

Tube Poker

Toda vez que eu entro no metrô de Londres, posso ser uma carta no baralho de um jogador de Tube Poker.
Não entendeu nada? Eu descobri isso ontem assistindo um programa na Current TV. Achei simplesmente o máximo.
É uma mania que está tomando conta do metrô daqui e de várias partes do mundo. Basta o trem ter aqueles assentos de 5 lugares, uns de frente para os outros e as apostas podem começar.
Veja as regras do jogo: você e um amigo desocupado, ou melhor, um adversário, entram numa estação de metrô, escolhem um vagão e decidem quantas estações vai durar o jogo. Começa na próxima estação e termina daqui a 7. É um jogo de pôquer normal com uma diferença: as cartas são as pessoas que entram e ocupam estes acentos de 5. Se for homem é valete, se for mulher é dama. Homens e mulheres mais velhos são reis. Ganha quem tiver a melhor combinação de cartas/pessoas ao final das 7 estações. Se tiver 3 homens e 2 mulheres (ou vice-versa) você tem um full. E tem que torcer para ninguém levantar o traseiro do seu jogo até a estação final. O que é praticamente impossível e torna o jogo mais emocionante e imprevisível. Tem que torcer também para nenhum tipo parecido com um mendigo entrar no seu vagão e sentar num dos seus acentos porque isso seria o fim. Você sabe, basta um desses chegar para todo mundo mudar de lugar ou simplesmente não querer sentar ao lado do esquisitão. Neste jogo de pôquer só não dá para blefar. Porque, óbvio, se você não tiver jogo, seu adversário vai ver seus acentos completamente vazios.
Jogar eu acho que não vou. Mas nunca mais vou pegar um metrô sem ficar prestando atenção se tem alguém jogando. Sou até capaz de descer umas estações depois para dar uma força para um dos jogadores. O que me torna, automaticamente, uma espécie de carta na manga para um deles. A primeira nesta modalidade.

Se você ainda não entendeu nada mas ficou curioso, dá uma olhada no link http://current.com/items/76327442_tube_poker

18 de mar. de 2008

Amizade a fórceps

Desde que cheguei aqui já fiz um catálogo de diferentes tipos de pessoas. Adoro.
Encontrei uma amiga brasileira que tá morando aqui há mais tempo e, para minha surpresa, também já tem suas teorias sobre a vida alheia. Por exemplo? Todo o ruivo tem orelhas de abano e toda koreana tem as batatas da perna tortas. Depois que ela me disse isso, comecei a conferir e é impressionante. Vejo uma panturrilha estranha andando por aí e já sei que a dona é koreana. Sempre.
Mas hoje vou falar de um tipinho muito comum por aqui, especialmente neste universo escola de inglês - casa de estudantes. É o Amigo Garçon do Fridays.
Esta pessoa não necessariamente precisa ser garçon, mas tem aquele comportamento que quem já foi ao Fridays vai reconhecer facilmente: você mal chega e ele(a) já se ajoelha do seu lado, super sorridente, perguntando várias coisas da sua vida e agindo como se fosse seu chegado há anos. Amigo Garçon do Fridays é aquele que, literalmente, força a amizade porque está sozinho num país estranho e quer companhia para sair, almoçar, jantar, badalar e, se tudo der certo, mochilar por aí. Ele não tem tempo a perder. Precisa fazer amigos logo porque só tem visto de 6 meses, então mãos à obra. Sorri pra mim, porra.
Eu tenho vários Amigos Garçons do Fridays aqui. Absolutamente instantâneos e até um pouco assustadores, de tão invasivos. Um deles arranjou meu celular não sei como e me chamou pra sair no fim de semana. Legal, mas quem está falando mesmo?
Mas ele deu sorte porque eu sou uma pessoa que acredita que amizades instantâneas podem sim acontecer. E que ser amigo é um exercício de humildade. O negócio é inventar uma desculpa simpática para o seu pseudo-amigão-do-peito e, quem sabe numa próxima, levá-lo para tomar um café. Tudo para não magoar um coração tão carente e ansioso. Ô dó.

8 de mar. de 2008

A regra é clara

Quando a gente era criança, existia uma espécie de legislação e ética para decidir coisas que era absolutamente simples e primitiva.
Quem vai viajar no banco da frente do carro (naquela época podia)? Eu. Por que? Porque pedi primeiro, oras. E assunto encerrado. Da próxima vez seja mais esperto e pede primeiro você. Jerry Seinfeld (ídolo) fala sobre isso no começo de algum episódio. E, como sempre, é uma ótima observação.
Acontece que a minha geração está vivendo uma Síndrome de Peter Pan coletiva. Ninguém mais fica velho. Ou pelo menos não se sente ou não aparenta. Pessoas muito jovens convivem em perfeita harmonia com as bem mais velhas, dividem a mesma balada e os mesmos gostos musicais. Gente mais do que adulta tem atitudes infantis o tempo todo. E, de repente, parece que esta mesma ética e legislação infantil está mais em vigor do que nunca.
Acho isso muito estranho, mas vai dizer que nunca aconteceu com você. Grupo de amigas na balada, umas mais rápidas na paquera do que as outras. De repente uma dita a regra: o cara com barba por fazer no balcão é meu. Mas por que mesmo? Por que eu vi primeiro. Tira o pé da minha janta. E as amigas, se tiverem alguma consideração pela autora da lei, concordam e acatam imediatamente. Não se fala mais no assunto.
Esta outra aconteceu ontem. Eu e umas amigas chegamos num bar super legal e uma delas falou: Nossa, pegava vários caras que estão aqui. Imediatamente eu disse: Vai, brilha. E ela: Ah, mas não sei se eles me pegariam também. Eu: Pega primeiro, ué? E depois ainda dá uma dançadinha gritando: Peguei primeiro! Peguei Primeiro! Peguei primeiro! Na nossa época pode.

4 de mar. de 2008

Mulheres JBB

Todo mundo tem um tio ou vizinho meio grisalho e sem barba. Ele não é calvo e geralmente usa óculos. Tem uma papadinha de leve e uma pele que já não tem mais aquele frescor da juventude, mas não é veeeelho. Visualizou o seu tio?
Existe uma espécie de mulher aqui na Inglaterra que é exatamente igual a ele. É uma categoria que eu observei e denominei Mulheres Joelmir Beting de Brinco (JBB).
Não. As preferências sexuais destas senhoras não têm nada a ver com isso. Posso apostar que elas não são lésbicas. Para falar a verdade, acho que nem vida sexual elas têm, quem dirá preferências. Mulheres Joelmir Beting de Brinco não parecem homens intencionalmente, mas porque não têm tempo para elas mesmas. Apenas para a família.
Elas têm cabelos grisalhos assumidos, com cortes masculinos e práticos, e você só percebe que elas são mulheres (como a própria definição já diz) pelos brincos delicados ou pela armação dos óculos, que normalmente são grandes e têm algum detalhe em strass ou uma correntinha. Elas usam saias abaixo do joelho e sapatos básicos, tailleurs que não valorizam cinturas, coisa que provavelmente elas também não têm.
Mulheres JBB não têm a menor vaidade e, ao mesmo tempo, nenhuma espécie de malemolência para virar letra de samba, como a nossa equivalente Amélia. E se você está imaginando alguma coisa parecida com o Dustin Hoffmann no filme Tootsie, esquece. Eu não usei o nome Joelmir Beting à toa. Estamos falando do seu tio. Mesmo.
Para conseguir visualizar uma JBB e para este post fazer algum sentido, recomendo um livro interessantíssimo que você pode encontrar na Livraria Pop, em São Paulo. Ele se chama Casa Suzzana e está recheado de fotos de homens americanos vestidos de mulheres, se não me engano, nos idos dos anos 50. Os verdadeiros precursores dos transformistas. Um luxo.
Além do Joelmir, é o máximo que eu consigo para ilustrar como são estas senhoras. Adoro as JBB.

PS: Falar da Livraria Pop é o primeiro merchandising do Bacanérrimo. Quem conhece sabe que é o máximo, quem não conhece e mora fora de Sampa pode visitar o site: www.livrariapop.com.br e ficar com vontade.

27 de fev. de 2008

Não falei que ia quebrar tudo?

“Diversas regiões da Inglaterra e do País de Gales, incluindo parte de Londres, foram sacudidas na madrugada desta quarta-feira por um terremoto de 5,2 graus na escala Richter, o mais forte no país em quase um quarto de século. Segundo o British Geological Survey (BGS), órgão britânico que monitora os sismos geológicos, o epicentro do tremor, à 0h56 (21h56 de terça-feira em Brasília), foi na cidade de Market Rasen, no condado de Lincolnshire, a cerca de 250 quilômetros ao norte de Londres.
Não houve registros de grandes danos ou de ferimentos graves. ‘Podemos ter esse tipo de tremor moderado, mas eles são relativamente raros’. O tremor foi o mais forte no país desde 1984, quando um abalo de 5,4 graus foi registrado no norte do País de Gales.”
Fonte: BBC Brasil

26 de fev. de 2008

Cala a boca e me beija

De longe, esta é a frase mais falada entre os meu colegas de aula e entre os caras que moram na minha casa aqui em Londres. Em português mesmo, mas com sotaque italiano, koreano, francês, árabe. Já fiz vários filminhos disso e hoje tive que escrever num papel para uma menina da minha sala, assinalando a entonação das sílabas nas palavras.
Cala a boca e me beija é a coqueluche do momento.
Logo depois vem Bom para caralho e Tu é a maior gosxtosa, que ensinei com chiado carioqueisx.
Que espécie de pessoa vai querer saber como se diz no Brasil coisas como Bom dia, Boa tarde ou Meu nome é Fulano? Amigo meu é que não é.

20 de fev. de 2008

Correspondente de Londres

Um monte de gente pediu para que eu aproveitasse minha estadia de 3 meses em Londres para ficar contando o que rola por aqui. Entao, entre um texto e outro com cara de diario, tasco coisas de mulherzinha para nao perder a pratica nem os leitores. Espero que seja util para alguem e espero ser perdoada pela falta de acentos e de cedilhas em alguns deles.

Existe apenas uma verdade absoluta no mundo: quem nao leva um livro para o aeroporto numa longa viagem e uma pessoa chata. E aquela pessoa que vai puxar papo o tempo todo e interromper a sua leitura (porque voce trouxe livro). Adivinha se o cara que sentou no meu lado no aviao trouxe. Assim que eu senti o perfume bizarro da criatura, tratei logo de ligar o ipod e abrir meu Bukowski. Mas nao tem jeito. Quem nao leva livro arranja uma brecha quando voce vira a pagina e tasca logo uma pergunta imbecil. Dai em diante, salvo raras excecoes, e um inferno. Desta vez foi alem da conta. O cara tinha sotaque mineiro (o unico no mundo que eu nao curto), era fa do Paulo Coelho e me contou todo o Alquimista. E para acabar de vez com minha paciencia, ficou horas falando o quanto achava o Humberto Gessinger do Engenheiros do Hawaii genial. Vixe.
Desde que cheguei os chatos desapareceram. Conheci um monte de gente legal e cheguei a conclusao que me dou bem mesmo com as minorias. Meus melhores novos amigos sao arabes, indianos, coreanos. Divido o quarto com uma "teenager chinesa" (fala isso 5 vezes bem rapido que eu quero ver). Na opiniao deles, meu ingles e muito bom. Acho que e por isso que simpatizei tanto.
A chegada foi facil. Com visto no passaporte, cheguei a achar a moca da imigracao super simpatica. Mas claro, um povo que se curva a cada passada da Rainha tem as suas formalidades. E cabe a nos, estrangeiros fora da comunidade europeia, tratar de cumprir todas elas. Ontem passei 3 horas da minha tarde num posto da policia para registrar meu passaporte. Voce entra, tira uma foto, pega uma senha e fica sentado numa sala onde tambem aguardam sua vez todo o casting de La Bamba e de Lilo e Stich. O sol se poe muito cedo e, ate ontem, eu achava o frio suportavel. Repito: ate ontem.
Sobre compras: esqueca a Diesel, a Harrods, a Adidas e a Apple. A loja mais genial que eu vi ate agora e uma, na esquina de casa, com cervejas do mundo todo. Fiquei brother do dono a quem eu me refiro carinhosamente como Osama Simpatico, e comprei 8 latonas de Foster por 5 libras. Com esta, ate quem converte se diverte.

Bom, agora tenho que ir. Vou ao Madame Tussauds tirar uma foto com o Fidel. Sera que mais alguem teve esta ideia? Depois eu conto.

10 de fev. de 2008

Motivo é o que não falta

Pensei que fosse só eu. Mas conversando com minhas amigas descobri que a maioria já terminou o namoro ou simplesmente pegou bode de seu respectivo por causa de coisas tolas. Eu sou rainha de fazer isso. E quando acontece, é irreversível. Só dá para entender exemplificando e torcendo para nenhum ex-bofe ser leitor do blog. Seja o que deus quiser.
Era um namoro em ascenção. Até o dia em que ele veio me contar que comprou um tecido bem resistente e ia costurar uma bolsa. Imediatamente uma nuvenzinha de pensamento, daquelas dos gibis da Mônica, se formou ao lado da minha cabeça e, lá dentro, eu via a imagem do dito-cujo costurando. Não me pergunte o por quê, mas acabou o encanto e o namoro.
Outro: ele era demais, sensível, me adorava, idolatrava, salve, salve. Mas fazia barulho para tomar café. Sabe aquele barulhinho durante o gole? Tipo velhinha bebendo sopa? Este. Eu não consegui superar.
O outro tinha o cabelo black power. Eu achava o máximo, super estiloso. Um dia liguei para falar qualquer coisa e ele disse que estava trançando o cabelo. A nuvenzinha apareceu e eu imaginei o cabelo metade trançado, metade black power. Uma coisa meio-Bozo. Eu sei que é uma bobagem, mas aquela nuvem me acompanhou durante dias e eu nunca mais atendi o telefone quando ele ligava.
Minha amiga agora, para tirar o peso das minhas costas. Ficou com o cara, adorou, ele ligou no dia seguinte. E ela odiou a voz dele no telefone. Já era.
Agora olha isso: outra amiga, no Reveillon. Se encantou à primeira vista por um cara, conversaram, se conheceram, ficaram. Fogos de artifício para lá, champagne para cá e ela foi para o apartamento dele. Chegando lá viu umas folhas de couve pelo chão da sala (!!!) e logo descobriu que ele tinha um coelho de estimação (!!!!!!) solto no apartamento (!!!!!!!). Ponto final.
Outra, para o gran finale: minha amiga estava saindo com o cara há um tempão. Ele era todo romântico, preparou um jantarzinho na casa dele e ela acabou dormindo lá. No dia seguinte acordou felizinha, foi até o toalete e viu, embaixo da pia, um chinelo Rider azul com bolinhas massageadoras na palmilha. Desculpe, mas não existe amor que resista a isso.

6 de fev. de 2008

Canta para subir

Aconteceu outro dia. Por alguns segundos me senti uma atriz de Hollywood, depois entrei em crise.
Encontrei uma amiga acompanhada de uma menina. Quando me viram, minha amiga falou: esta é a Flavia do Bacanérrimo. A menina falou, como se eu fosse muito importante: “Jura? Que legal! Adoro seu blog. Mas reparei que está uma coisa dor-de-cotovelo de uns tempos para cá”.
Se ela estiver lendo agora, quero agradecer. Porque depois de ouvir isso cheguei em casa e fui ler o que eu andava escrevendo ultimamente. E estava tudo ali, estampado.
Nunca quis que este blog fosse um diário, mas um espaço para publicar o que eu penso. Afinal eu penso tanto.
Meu foco sempre foi o comportamento feminino e não o meu comportamento. Mas de uns tempos para cá, ando agindo que nem o Pelé, que fala dele mesmo em terceira pessoa. E são duas pessoas: o Edson e o Pelé. Ando usando o blog para falar coisas da Flavia e não das mulheres como um todo, esta categoria heterogênea, mas unida. Nunca falei tanto de amor, nem de desilusões, nem de coisas complicadas. De fato, tudo isso aconteceu na minha vida. Mas e daí? Ninguém aqui é obrigado e nem eu devo ficar remoendo e publicando meus encontros e desencontros. Por isso, agora que o carnaval passou e que o ano começou oficialmente, chega de lamentações. Vamos falar de coisas que importem para mais alguém além de mim.
É assim que eu gosto de escrever e me sinto mais feliz com o que escrevo. Sempre vai haver uma parte autobiográfica, mas a idéia aqui é generalizar. Do gênero feminino.

28 de jan. de 2008

Amor demais

O mínimo que eu espero de um amor é ele seja tanto e tão forte que enquanto eu não estiver por perto, ele se sinta vazio, como se o mais importante da vida estivesse suspenso. Eu quero um amor que não tenha a menor dúvida de que eu sou a pessoa mais importante do mundo. Que perceba uma diferença gritante entre estar comigo e estar só. Que goste de ficar perto de mim e que faça questão de me tocar sempre que possível. Que adormeça aconchegado no meu colo e, de vez em quando, acorde e olhe bem fixamente para mim, só para se certificar de que toda aquela felicidade de estar ali é mesmo real e possível. Quero alguém que, às vezes me acorde, às vezes fique simplesmente velando meu sono e esperando o momento mágico que vai ser aquele em que eu acordar. Eu quero um amor que fique impaciente, andando de um lado para o outro, enquanto eu tomo um banho demorado ou troco de roupa. Simplesmente porque não vê a hora de sentir meu cheiro e de ter minha companhia de volta. Eu quero um amor que, ao pressentir que eu vou embora, comece a me cercar e me implorar para ficar mais. Que fique feliz em aprender comigo coisas importantes e bobagens.
Que quando eu apareça, ele tenha uma descarga tão forte de alegria a ponto dela ser notada em todas as partes do corpo. Tipo aquela expressão: amor saindo pelas orelhas. Eu quero um amor que viva por mim, para mim, que dedique as 24 horas do dia para me fazer feliz.
Quem tem cachorro fica com o nível de exigência de amor muito alto.

PS: Gato, eu vou mas eu volto. Viu?

22 de jan. de 2008

Pós-balada gay

Eu tinha jurado para mim mesma que nunca mais iria a um lugar em que os meninos não gostam das meninas.
Mas já devia ter ido antes conhecer uma top, top balada gay aqui em Sampa. Vários amigos já tinham me chamado e eu sempre declinava. Até a noite de sábado. Noite em que fui e fiquei bege.
Eita gente que sabe se divertir. O lugar é maravilhoso, “coisa de primeiro mundo”, palavras dos amigos. O som é ótimo e bomba tanto que fazia vibrar até o meu nariz (imagina os ouvidos). E eu me perguntava: com essa sensação de tremedeira nas narinas por que tanta droga? Sim, porque elas são proporcionais aos gominhos nos abdômens da galera. Muita droga.
Percorri todos os ambientes e, já que não tinha nada para mim mesmo, me acabei dançando e resolvi encarar como uma experiência antropológica das mais divertidas. Por isso esta narrativa meio didática, meio explicativa.
Constatei que há uma espécie de parede imaginária que demarca áreas na balada. A primeira é o que a gente poderia chamar carinhosamente de “Heteros-aqui-por-gentileza”. Gentileza desde que as mulheres paguem mais caro do que os homens para entrar, estejam de cabelo preso e sem bolsa, que racha batendo o cabelão e a bolsa nos bíceps da galera, ninguém merece. Nem preciso dizer que é o canto menos animado.
Mais adiante tem outra área, onde ficam os gays mais reservados. Veja bem: reservados para os padrões deles, que ali minhas tias já teriam caído todas desmaiadas. Finalmente tem o canto dos descamisados. Lugar em que dá para pegar a testosterona no ar, colocar em vidrinhos e vender como souvenir na saída. Uh, baby.
A grande maioria dos homens eram lindos, animados e pervertidos. Tudo o que a gente gostaria de ter num hetero, mas nem fala porque acha que já está pedindo demais.
Saí de lá com invejinha da branca e depressão confessa. Meus amigos não sabiam se me consolavam ou se riam da minha cara de quem passou a noite toda à espera de um milagre.
Mas, definitivamente, descobri porque essa coisa de ser muito sarado e ficar sem camisa é coisa de gay e não das lésbicas. Em hipótese nenhuma um monte de mulheres ficaria dançando sem camisa, encontraria uma amiga/pretendente e daria um mega abraço suado, intercalando os peitões uns no meio dos outros. Forget, Margareth. Esqueça, Vanessa.

Não perco a piada.

Mulher quarentona facinha na balada é que nem homem de peruca.
Só eles acham que ninguém nota que tem alguma coisa errada.

Frase machista, ácida, preconceituosa, mas boa, vai... Todo mundo para que eu falei, rolou de rir.

13 de jan. de 2008

Más companhias

Ele era simplesmente do caralho. Você adorava ficar com ele. Te fazia bem. Até que ele se revelou um tremendo escroto.
A distância entre o do caralho e o escroto é muito pequena. O tempo todo juntos. Um não faz nada sem o outro. E depois, os escrotos são maioria.
Acabaram influenciando o coitado, de cabeça fraca.

10 de jan. de 2008

O que vale nesta vida é ser feliz

É exatamente isso o que diz Fábio Jr. na música Vinte e Poucos Anos. Provavelmente é isso que já te disseram a faxineira, a tia, o cobrador do ônibus, o locutor da rádio interna do supermercado, logo depois de anunciar o preço da berinjela. Nada mais óbvio. São coisas que, de tanto ouvir, perdem completamente o sentido na vida da gente. Não que a felicidade não seja a meta mas não tem nada que deixamos mais “para depois” do que ser feliz de verdade.
Por vários motivos. Primeiro porque meu pai não é dono de engenho (frase que ouvi outro dia e adotei) e, antes de ser feliz, tenho que ralar muito. Pelo menos parte da minha felicidade se compra, sim senhor. Segundo que, é claro que eu quero ter 2 filhos, um homem pra chamar Dirceu, mas isso bem que pode esperar mais uns anos, que eu ainda tenho muito o que viajar.
Todo mundo arranja motivos para ser feliz mais tarde. Tem gente que chega ao ponto de deixar para a próxima encarnação. Juro que já ouvi isso. E achei triste.
Acontece que, em 2007, a felicidade me deu uma fechada, tirou um fininho de mim. Foi muito rápido, eu vi só de relance, mas chegou tão perto que eu tenho certeza de que sou capaz de reconhecê-la quando a gente se cruzar de novo por aí.
Isso fez um estrago daqueles na minha racionalidade e nos meus movimentos friamente calculados. Quero mudar tudo. Todas as minhas prioridades.
Chegar a esta conclusão agora foi mera coincidência. Mas como comecei com um clichê, vou terminar com outro: em 2008 vou mudar um monte de coisas eu vou ser muito mais feliz.
Foi o que me desejaram minha faxineira, minha tia, o cobrador, o locutor. Todo mundo, menos o Fábio Jr.

Pensa rápido

Parece lenda urbana, mas não é. A Rosa, minha assistente standard plus para assuntos do lar, me contou essa.
Ela tem uma amiga crente, dessas igrejas em que a pessoa não pode cortar o cabelo e tem que usar uns vestidos longos. Não sei qual, afinal são tantas... Bom, a filha dessa amiga, igualmente crente, tem 19 anos e freqüenta um grupo de estudos evangélicos toda quarta à noite. O pai evangélico leva e busca a filha na igreja, que uma crente de 19 não pode andar sozinha à noite, em nome de Jesus. Acontece que o pai arranjou um bico de vigia e a carola teve que ir sozinha mesmo. Na volta, andando com seus longos cabelos esvoaçantes, seu vestido comprido e sua Bíblia debaixo do braço, ela avista um grupo de maloqueiros e não dá outra: eles a cercam e começam a dizer uma série de barbaridades, movidos pelo capeta.
Ô, sua crente gostosa. A gente vai pegar você, vai levar pra um lugar deserto, vai tirar esse teu vestido, vai fazer misérias com esse teu corpinho. Nem adianta rezar que de hoje você não passa.
A mina fica desesperada, começa a ter um milhão de pensamentos ao mesmo tempo: o que eu faço? Se eu correr vai ser pior. Se eu reagir, eles me espancam. Se eu gritar, idem. Aimeudeus, preciso pensar em alguma coisa, rápido.
Então ela abre os braços, segurando a Bíblia numa das mãos, com os cabelos e o vestido longos e esvoaçantes, e tasca essa pérola:
- Podem fazer o que quiserem comigo, que eu não sou deste mundo mesmo.
Os maloqueiros saem correndo, apavorados e, a essa hora, devem estar repensando a vida, as atitudes. Se bobear, se converteram. Eu faria o mesmo. Que meda.
Claro que Jesus levou os créditos quando ela chegou em casa contando essa. Mas eu acho que o mérito é todo dela. Raciocínio rápido é tudo nessa vida.