8 de mar. de 2010

Plano B


Todo mundo chega num momento da vida em que é tomado por uma necessidade maior do que tudo de fazer outra coisa. Ter outra profissão, uma segunda atividade que dê algum dinheiro e, de preferência, nenhum aborrecimento. Como esse tipo de pensamento sempre aparece na época das férias, uma grande parte dessas pessoas chega à mesma conclusão: quer abrir uma pousada na Bahia. A outra parte decide que quer fazer cinema.
Eu não sei exatamente como anda o mercado hoteleiro na Bahia, mas sei que, se você entrar em qualquer boteco de São Paulo, pelo menos a metade dos bebuns vai dizer que “está mexendo com cinema”. Tudo isso para dizer que não basta querer fazer outra coisa. Tem que ser algo novo, que ninguém fez.
Parece impossível mas, indo para casa um dia desses, tive uma idéia inédita e, seguramente, muito rentável. Acompanhe meu raciocínio: você concorda que “Malabaristas de farol” são uma instituição falida? Ninguém dá grana para os coitados. Acabou o impacto. Agora qualquer Zé Ruela já tem as suas bolinhas de tênis e arrisca alguns movimentos com pouca ou nenhuma desenvoltura. Simplesmente não comovem mais ninguém.
Mas e se, em vez de malabaristas, você parasse no farol vermelho e se deparasse com “Pompoaristas de farol”. Mulheres jeitosas e com um peculiar talento para fazer o mesmo tipo de malabarismo, só que sem usar as mãos nem os pés, se é que você me entende. Eu, no caso, seria a agenciadora dessas maestras das bolinhas e, é claro, teria uma porcentagem nos ganhos delas, já que também sou a idealizadora (já registrei, tá?). Tenho certeza que todo mundo ficaria atento do começo ao final da performance. E no final, pelo menos os homens e as cantoras de MPB pagariam pelo show. A parte chata seria a quantidade de piadinhas e cafajestes oferecendo moedas e querendo colocar no cofrinho. Mas isso elas tirariam de letra.
Por falar em letra, perdoem o trocadilho mas não encontrei nenhum título melhor para este texto.