![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIW-VmwcWIQUHCws6LUjVH46mJqjNILv67XbaTZ2IZ_C2PXjNEASfx2oytesqp-R4JwKsHOoUP10nTnrZa8S7ppigzOctYE5ZYGOAbVijIs0MwOczuTwbgRUk9sDdcDj_mBej9ZA/s400/gaucho.jpg)
Anita pegou o gosto pelas viagens depois de ficar viúva.
Antes também era bom viajar mas agora ela podia escolher os lugares que mais gostava, na companhia das amigas. E o número de amigas sempre aumentava. Como a mala que sempre volta mais cheia do que foi.
Anita é gaúcha e tem amigas, viúvas e serelepes como ela, de São Paulo, Minas, Goiás, Bahia.
Estavam juntas em Buenos Aires, quando combinaram de visitar a fazenda de Anita no Rio Grande do Sul, antes de voltar para suas cidades. E foram mesmo.
A fazenda era pouco frequentada porque os filhos de Anita não moravam mais em Porto Alegre. Ela ia menos do que gostaria. E mostrar tudo para as amigas foi um grande prazer e uma grande farra.
Num domingo, acordaram cedo, tomaram um café da manhã reforçado e Anita pediu a Floriano – o peão – que preparasse os cavalos para elas darem um passeio.
Em menos de meia hora, os cavalos estavam batendo os cascos campo afora, com Anita, as amigas e Floriano, que decidiu acompanhá-las. Andaram por algum tempo, ficaram encantadas com a paisagem do pampa gaúcho. Riam alto, lembravam passagens das viagens. Floriano ficou alguns metros atrás para que elas pudessem conversar à vontade. Uma das amigas de Anita também foi ficando para trás e, quando o grupo percebeu, Floriano e a amiga tinham desaparecido.
Elas já ficaram imaginando coisas. Afinal, Floriano era um peão. E peão é um fetiche.
Mais tarde, quando todas já estavam de volta, a amiga desgarrada aparece com um sorriso incomum. As outras perguntaram:
- O que aconteceu? Onde vocês se meteram?
Ela respondeu:
- O Floriano me fez um sinal e entrou na mata. Eu fui atrás. Andamos até uma clareira, ele desceu do cavalo, colocou uma pele de ovelha no chão e me disse, com aquele sotaque gaúcho: “Apeia, te pela e te deita”.
As amigas perguntaram:
- E o que você fez?
Ela respondeu, imitando o sotaque:
- Apeei, me pelei e me deitei.
Mais uma história real, com nomes fictícios.
*Apeia deveria ser uma conjugação do verbo apear. O certo seria dizer apea. Mas foi assim, com i no meio, que o peão falou e é assim que é mais legal de imaginar a cena.