9 de dez. de 2006

Atropelamento e fossa

Em 1997 eu fui atropelada. Mas desses atropelamentos com tudo o que se tem direito: barulho de freada, pára-brisa do carro quebrado, batida de cabeça, sangue, pessoas se aglomerando em volta, paramédicos, trânsito interrompido, imobilizador cervical, maca, ambulância, pronto socorro, raio X, gesso, muletas, fisioterapia e um bom trauminha básico. A sensação de ter esbarrado com a morte é bem estranha para qualquer pessoa.

Mas nada nesse mundo faz a gente se sentir mais mortal do que sofrer por amor.

Também têm batidas de cabeça, sangue fervendo, pessoas amigas se aglomerando em volta, indicando terapeutas (que não deixam de ser uma espécie de paramédicos), tentando descobrir o que se passa dentro da gente, servindo de muletas pra gente sair dessa. Também tem trauma num amor que não dá certo. Mas não tem nada equivalente a fisioterapia para você ir melhorando aos poucos, para ir trabalhando aquele músculo involuntário que está em pedacinhos. Quando um amor de verdade te faz sofrer, dói mais do que qualquer pancada e qualquer corte. Por que não é físico. É irracional e instintivo. Não tem um ortopedista especializado em dor de cotovelo para te dizer: daqui a 10 dias você tira este gesso e volta à vida normal.
Só a dor de amor te dá aquela sensação de acordar e se perguntar: alguém anotou a placa do carro que me atropelou?

8 comentários:

Gastón disse...

Não é a toa que a terapeuta fala que a gente tá de luto quando se separa de alguém. Porque a sensação de perda é essa. Parece que alguém morreu. Tava ali agora e mesmo e de repente some.

Batido, cliché, repetitivo, óbvio e tudo mais que quiser chamar. Mas nada como um dia após o outro. Demora, mas passa.

Julia Jones disse...

Tô me sentindo assim mesmo... Como se tivesse sofrido um acidente. Também já sofri um acidente de carro e você colocou super bem: acordando no meio da noite, não acreditando que aconteceu mesmo, desejando que seja um pesadelo... Ai, tomara que passe logo! Beijos!

Anônimo disse...

mudando um pouco de assunto, por ti eu teria mudado de vida, até teria ido as aulas de comunicação.


Ex Jerry

Anônimo disse...

achei a crase
às aulas

Anônimo disse...

Guria, tú é foda. Só.
Clauber

Anônimo disse...

nega, vc sabe // tenho até medo de falar sobre isso

e pro seu governo, tô superrecuperado já

Márcia Stival - Assessora de Imprensa disse...

È vero...dor de amor é foda.

Em tempo... morte de pessoa querida doi também...tanto ou mais.

Eta DOR NO PEITO UNICA.

Também ja sofri acidente feio e foi horrívis...como diria nosso saudoso Muçum.
bjkas

Cibele disse...

Vc me faz lembrar de Macabéa (a hora da estrela)..