23 de jun. de 2010

Carta aberta a Cid Moreira


Cid Moreira,
Não iniciei esta carta com a palavra prezado porque estaria forçando a barra. Mas decidi escrever porque não vejo nenhuma possibilidade de encontá-lo algum dia e dar pessoalmente o pescotapa que você anda merecendo.
Gostaria de falar sobre o significado da palavra dignidade porque, diante da sua idade avançada, acho que você nem lembra mais o que é isso.
Sim, você é livre para fazer o que bem entender com o seu corpo, sua voz e com o tempo livre que lhe resta. Quer gravar Salmos? Brilha. Quer ser desmancha-prazeres e contar o truque das mágicas? Tem chato para tudo nesse mundo. Se você faz mesmo questão de se referir a alguém como “Mestre de todos os sortilégios”, manda ver.
Faça o que bem entender desde que as pessoas tenham o direito de optar se querem ou não ver e ouvir o que você anda fazendo e dizendo por aí. Mas você não está nos dando escolha. Este é o problema.
Eu vi o silicone da sua testa desandar no ar, nos anos 90, em pleno Jornal Nacional. Veja bem, quer ter uma testa tipo pantufa fofinha? Tenha. Mas faça a manutenção necessária para que as pessoas não sejam obrigadas a ver aquele monte de pele acumulada em cima das suas sobrancelhas no meio do noticiário.
Toda vez que eu abro a revista Caras, sei que vou ver muita gente cafona e fútil. Mas daí a virar uma página e me deparar com você pelado, com as pernocas para cima, dentro de uma banheira de espuma, francamente. Isso ultrapassa o meu limite de tolerância.
E agora, em pleno jogo da Copa que, convenhamos, você sabe que todo mundo vai assistir, por que diabos eu tenho que ouvir você dizendo Jabulaaaaaaaaaaaaaaaaneeeeeee como se fosse o Barbosa do TV Pirata? Você só pode estar de brincadeira e se divertindo muito com isso, mas não é divertido para todo mundo. Se eu tivesse escolha, jamais ouviria. Mas não tenho bola de cristal para adivinhar quando a sua “vinheta” vai entrar para trocar de canal e assistir a um bom leilão de tapetes persas.
Se eu pudesse escolher, as últimas palavras vindas de você que eu gostaria de ter ouvido seriam "Boa Noite”. Assim seria digno. Enfim, fica o toque.

Atenciosamente,

Flavia

8 de jun. de 2010

Lost - The End


Se você ainda não viu o último capítulo de Lost, azar o seu.
Eu esperei alguns dias para não ser desmancha-prazeres e dar tempo de todo mundo ver antes de comentar. Mas não podia deixar de manifestar minha decepção por ter passado 6 anos esperando alguma resposta e o último capítulo ter sido aquela mistura de final de novela das oito com Harry Potter. Azar o meu.
Pensei que a história da ilha ser uma rolha era só uma metáfora ruim. Mas ver a cena do Desmond tirando a rolha que desandaria a ilha com aquela luz fajuta vindo debaixo da terra foi muito frustrante e bem mequetrefe.
Para ser um final de novela do Manoel Carlos, só faltava alguém ter filhos gêmeos e o casamento duplo de Kate com Jack e Sawyer com Charlotte naquela mesma igreja ecumênica em que todos se encontraram felizes, se abraçaram e finalmente entenderam tudo o que nós já suspeitávamos desde o princípio. Fiquei esperando a entrada da equipe técnica, dos câmeras, dos roteiristas, de todos os envolvidos, inclusive o Rodrigo Santoro, na democrática igrejinha. Todos aplaudindo o diretor num grande show do Lulu Santos cantando: tudo muda o tempo todo no mu-u-undu. Não adianta fugir, nem mentir para si mesmo, agora. Há tanta vida lá fora, aqui dentro, sempre, como uma onda no mar. Até que a banda do Lulu pararia e apenas os personagens continuariam em coro: Como uma onda no maaaaar, como uma onda no mar.
Odiei.