23 de out. de 2006

So a cabecinha

Uma das tarefas mais difíceis de ser criança é ser a irmã caçula. Principalmente quando seus irmãos têm 4 e 5 anos a mais do que você. Quando a gente é criança, 4/5 anos é uma eternidade. Imagine que quando meus irmãos tinham 8/9, eu tinha 4 - praticamente um bebê. Eles eram da mesma geração e tinham os mesmos amigos. Eu era a pentelha, que queria muito participar da brincadeira. Simplesmente um saco. Por conta disso, desenvolvi um monte de manias esquisitas. Tinha amigos imaginários e até hoje tenho o hábito de falar sozinha. Adoro monologar.
Uma das brincadeiras preferidas da galera era “As Panteras”. Cada uma das amigas da minha irmã era uma das personagens do seriado. Os amigos do meu irmão, os bandidos. Quando ninguém queria ser a Sabrina eu entrava em cena e elas fingiam que me deixavam brincar. Eu também podia ser o Bosley, mas era meio monótono participar só do começo da brincadeira. Quando brincavam de casinha eu era a empregada. E lavava cada panelinha feliz da vida.
Um dia minha avó me deu uma boneca linda, loura, dançarina de flamenco com um vestido vermelho com fenda e renda preta. E boneca nova a gente nem penteava muito para não transformar os cachos em bombril de nylon. Eu tava bem feliz brincando com a boneca nova e minha amiga imaginária quando a minha irmã chegou inexplicavelmente sorridente, me convidando para brincar com elas. Dei um peteleco na amiga imaginária e fui toda feliz. Era bom demais. Na verdade, elas queriam propôr um negócio: me deixavam brincar se eu emprestasse minha boneca para uma das amigas. Putz, minha boneca nova. Mas era o melhor que elas podiam me oferecer. Pegar ou largar. Eu larguei a boneca, feliz.
Daí, percebi que tinha alguma coisa errada: se eu tinha que emprestar a boneca porque estava faltando uma, com o que eu iria brincar? Minha irmã, tão amável, logo me mostrou a solução: enquanto a amiga dela estraçalhava os cachos da minha boneca nova com um pente, eu brincava com uma cabeça de Susi quase careca e com a boca riscada de caneta Bic enfiada no dedo indicador. Foi uma tarde inesquecível.

8 comentários:

Anônimo disse...

kkk! Agora entendi mais ainda pq a gente se dá bem! Tenho váááárias histórias de irmã caçula e realmente são traumáticas! Traumas engrados e do bem que nos fizeram pessoas ainda mais legais : )... Adorei o retorno! bjos,

Anônimo disse...

bom, meu irmão é mais novo / eu apavorava ele / mas agora ele cresceu, virou campeao estadual de jiu-jitsu e tomou todos os meus comandos em ação

Anônimo disse...

hahaha, as bos risadas voltaram!

Anônimo disse...

Ainda bem que você cresceu e exceediu seus dreams.

Julia Jones disse...

É, eu tenho uma irmã mais velha e sei bem como é isso... Ela é só um ano mais velha do que eu, mas sempre foi muito maior e muito mais... atirada. Não tinha como se safar com ela. E o pior que até hoje eu sofro com as coisas que ela lembra eu não tenho idéia que aconteceram... Nem sei se é verdade, mas eu sou tão seqüelada que também só posso concordar... Hahahaha... Beijinhos! Linkei você no meu blog!

Anônimo disse...

Flavia, soy Hernan, de México. Te envío mi correo electrónico : brachohl yahoo.com. Ojalá me puedas escribir.
Saludos

Gastón disse...

Tô revoltado com a sua irmã. Nem tenho mais o que dizer.

Márcia Stival - Assessora de Imprensa disse...

Eu corria de andador e roubava as salsichas da minha irma... 1 ano mais velha que eu.

Isso rendeu muito, depois dos trinta anos e muitos arranhoes e milhares de cabelos puxados estamos em harmonia.

Também dei batata frita pra minha LINDA BONECA PAPINHA DA ESTRELA. Como a boca dela derretou na hora achei melhor pentear os cabelos pra ver se disfarçava o defeito. Ela ficou a cara do Chuck.

PS: sou a segunda de 6 filhas.