10 de set. de 2007

Infância pobre

Um amigo tem uma frase que diz que você até pode sair do Belenzinho, mas o Belenzinho nunca vai sair de você. E é a mais pura verdade. A pessoa pode ter sido catapultada ao sucesso mas, mais cedo ou mais tarde, o passado de privações se manifesta, mais forte do que tudo. Não adianta fugir.
Não é a pessoa que não se contém para pegar o último pedaço de pizza, mas a que vê 3 pedaços e pergunta: posso matar? É levar toalhas de papel e garrafas d’água do trabalho pra casa. É estar numa reunião, ver um pote de lápis e não se conter: posso levar um? E leva 4. É não conseguir se desfazer de roupas nem sapatos de anos porque vai que a moda volta? É usar o finalzinho do batom com cotonete. Lavar e reaproveitar o filtro de café. É guardar a barrinha de cereais e o amendoim do avião para mais tarde porque quem guarda tem.
Tirando a pizza e o filtro de café, já fiz todas estas. Mas eu posso porque perdi a catapulta. Agora a melhor é a do meu amigo (não o do Belenzinho) que eu vou chamar carinhosamente de Peter. Ele e uma turma estavam num restaurante e viram que o casal da mesa ao lado foi embora e deixou meia garrafa de vinho na mesa. Nem precisaram fazer votação para decidir pegar a garrafa e dividir irmamente (outro sintoma). Quando estavam fazendo o brinde, o casal volta do banheiro, senta-se à mesa e, bem, aí vieram as desculpas e a frase: pode escolher outro vinho que eu pago. Aproveita e escolhe um mais caro mesmo, que dinheiro não é problema. Problema é o desperdício.

13 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, eu posso dizer que não fiz nenhum desses!
Mas todo mundo tem seu lado 'pobrezinho'. haha
Também faço algumas coisa que são bem sem nexo, mas abafe :P

Adorei essa história do casal com o vinho, haha, morri de rir!
Nossa, devem ter ficado tão sem grçaas!
haha

Eu amo esse blog, poste mais vezes :)

Anônimo disse...

Gente, que trevas essa história do vinho! Eu já fiz isso uma vez na Austrália, mas foi o próprio dono do restaurante que me perguntou se eu queria acabar com a garrafa de vinho que um povo tinha deixado. Aceitei na hora, sem pestanejar.

Anônimo disse...

Vi um link de seu blog no 'man in box' (todos os links dele são d-e-z!) e já inclui nos favoritos. Parabéns, muito bom.

Anônimo disse...

uuahahahahaha

e belenzinho foi cruel rs

Thaís disse...

AUhauhaua fiquei roxa de vergonha por eles!!!
Adoro aqui

Anônimo disse...

eu conhecia a mesma expressão com variações geográficas: moóca, paraíba, osasco, praia grande, zimbabue, rocinha, e por aí vai... vc pode tb escolher um continente e mais 2 países a escolha.

Rubens Guarnieri disse...

Eheheheheheheheheh!
Tenho um amigo que é do Belenzinho. Sim! O bairro existe e lá vivem pessoas que jamais o abandonarão, por mais que tentem.
Cedo ou tarde, não adianta, a origem denuncia e acaba por mostrar quem realmente somos.
Bacanérrimo, pelo menos para mim, deixou de ser nome e passou a ser definição.

Parabsssssssssssssssssssss, obrigado e até os próximos!
Em tempo: ganhaste um fã e vergonha tem que ter quem não escreve.
Bjkisses
LULU

Anônimo disse...

Olha a mordida!

http://mg.misterape.com/?ac=vid&vid=57250222

Anônimo disse...

Sei, não ...
Engraçado, mas não acho que, digamos, "superaproveitamento" das coisas seja uma coisa de quem nasce pobre.
Se fosse, o Brasil não seria um país campeão de desperdício.
O caso do vinho é falta de educação. Isso, sim, pode ter a ver com uma infância pobre.
Mas, vá lá, seu texto é bom.

Anônimo disse...

Imagina, isto é uma armadilha!

Anônimo disse...

Não conheço o Belenzinho, benzinho.

Helena Cortez disse...

Tem menos de dois anos que consigo comprar roupas do meu tamanho, e não um número maior – antes era porque ia crescer, depois porque podia engordar e depois parei. Ufa.

Anônimo disse...

Nossa... me identifiquei com quase tudo! hahaha

Mas o pior num aboate, onde estava com várias amigas e nem um puto na carteira. Tava com dinheiro a conta e louca pra tomar um Joninho. Aí, eis que o casal d aminha frente começa a bater boca. A menina largou o copo CHEIO de whisky e saiu. O cara foi atrás. O copo ali, solitário. Eu fui chegando perto, ele olhando pra mim, eu olhando pra ele e pimba. Dei o bote. Peguei, dei uma dançadinha e parti, rezando para que aquilo não fosse uma pegadinha e ela não tivesse cuspido dentro dele.

* adoro seu blog e sempre leio. Passa lá no meu depois.
Beijos