14 de out. de 2008

Os trinta de Luciana

Hoje a minha amiga Lu chegou finalmente àquele lugar que eu tanto falo, faço propaganda e me gabo. A casa dos 30.
Quando eu fiz 30 anos, lembro das minhas tias e da minha mãe suspirando e sorrindo entre elas, como quem diz: que sortuda é a Flávia. Trinta anos. Eu reagia como a Lu, quando eu falava sobre isso para ela: curiosa, mas achando que ali tinha um certo exagero. A minha sensação de ter 30 começou aos 29. Logo depois de terminar um relacionamento ótimo, longo, que tinha tudo para virar casamento. Então eu percebi que não tinha tudo coisa nenhuma. Que tudo era aquela sensação que eu estava descobrindo. Saiam todos da frente que eu preciso viver isso.
Ai, que delícia.
Lembro que explicava esta sensação de uma maneira tosca assim: sabe as letrinhas verdes da abertura do filme Matrix? Eu consigo ler tudo. Tudo ficou claro e simples. A vida é simples (eu sempre repito esta também). É uma sensação de auto-conhecimento, de calma, de certeza do quanto eu mereço ser feliz e do quanto esta felicidade depende de mim para acontecer. Foi nesta época que eu percebi que sou capaz de tornar qualquer ambiente mais alegre. Que posso fazer quem estiver do meu lado muito feliz. Nunca me senti tão bonita na vida. O cabelo rebelde se acalmou, os olhos têm uma expressão que eu nunca notei antes no retrovisor do carro. Afe. É muita informação, é fresco, é leve. Depois dos 30 eu nunca mais tive medo da idade nem de nada. Acho que viver e fazer 40, 50, 60 não tem mistério nenhum. Fico triste quando vejo mulheres que não entenderam isso.
Tudo também ficou muito mais intenso e impulsivo. Eu quebrei muito mais a cara depois dos 30. Antes ficava me poupando, hoje eu quero mais é sentir tudo o que tenho direito. É ruim mas é bom. Sou mulherzinha para ter medo, agora?
Tem muito mais. O corpo clama por um filho, que não vai rolar agora, falo por mim. Só que o corpo não sabe disso e continua lá, clamando. Menina, aproveita isso com todas as suas energias. E eu não estou falando de pegar todo mundo, não. Essa fase já passou, falo por mim, de novo. Estou falando de qualidade, de escolhas, de amor próprio, de intimidade de um jeito que eu nem sabia que existia. Mas chega. Não quero acabar com as surpresas que a minha amiga, que eu tanto amo, vai encontrar a partir de agora. Lu, brilha. E me conta tu-do.

14 comentários:

Anônimo disse...

olá Flávia!!!
bom,é a primeira vez que comento aqui!! e gostaria de te parabenizar pelo blog!!!seus textos são realmente muito bons!!

virei sua fã!rsrsr
bjos!

Anônimo disse...

PUTA QUE PARIU, Flá, balzaquiei!! Amiga, AMEi esse post...mas não pode fazer isso assim, eu tô choronaaaaaaaaaaaaaaa. te amo, lu.

Pequena Russa disse...

que texto mais LINDO ! e conhecendo vc e a Lu, tb choro...

Anônimo disse...

vc estava inspirada quando escreveu este, né?
para mim fez muito sentido a parte do corpo clamando. nunca tinha visto uma explicação tão precisa sobre o que acontece. acho que é isso que vc chama de simples.

vou alugar matrix agora e ver se eu tbem leio. rsrs

Anônimo disse...

Hmm, interessante esta coisa do corpo.
Vou fazer uma pesquisa de campo sobre isso.

Obrigado pela dica.

Anônimo disse...

Não é nada disso. Você não fica mais bonita aos trinta, a verdade é que você começa a ficar míope e não enxerga direito, só isso. E suas tias não te olhavam achando você sortuda, os comentários eram: coitada, ficou pra titia! Pode apostar.

Helena Cortez disse...

Ouvir isso tudo me deixa um pouquinho mais tranquila para os meus futuros trinta...

Parabéns Lu!!!

Anônimo disse...

"Eu te disse" tem uma visão bem mais pessimista q vc, Flávia, rsrsrs
Posso falar: acho que as 2 visões estão valendo. Depende de como vc encara. Eu queria pensar como vc mas tendo a concordar mais com a nossa derrotada ali de cima. Não é fácil lidar com tanta mudaça no metabolismo, menina. E as cobranças das tias é real.

bjs

Ane

Anônimo disse...

cheguei ao seu blog pulando de um para o outro. E achei sensacional o texto dos 30. Comigo aconteceu a mesmíssima coisa. Um relacionamento longo que não era para ser, uma vontade de sai da frente que agora eu vou ser feliz, uma confiança na gente, uma beleza que eu não conhecia e um corpo pedindo filhos. Parabéns por escrever tão bem sobre a mulher de 30 anos.

Dedinhos Nervosos disse...

Tb me senti assim depois dos 30. E acho que a única coisa ruim foi quebrar mais a cara. Mas posso afirmar que a volta por cima tb aconteceu muito mais rapidamente.
Arrasou.
Bjo.

maria rezende disse...

caramba, tô sentindo uma "energia 30" rolando: tô às vésperas de estrear na idade e hoje escrevi lá no mariadapoesia sobre minhas insuspeitas aflições, daí acabo de me deparar com um exemplar de capa dura de "A mulher de 30", de Balzac, e em seguida chego aqui pra ler esse teu texto celebrando as belezas da idade!
Que bom relativizar! Que bom novas visões pra contrabalançar a minha! =)
Um beijo, Maria

Anônimo disse...

Guria, vc ë muito otimista e aprendi muito com vc.
Vamos ao check-list:
Cada dia que passa nasce um fio de cabelo branco e uma ruginha nova (tudo bem, isso é estética).
Cada dia que passa aguento fazer menos coisas (mas tudo bem, tenho selecionado melhor o que fazer e com quem).
Cada dia que passa sei que tenho menos tempo para viver (mas ok, tenho tentado aproveitar mais cada instante).
Meus óvulos estão em contagem regressiva (tudo bem, posso congela-los). Viu? Realmente não há o que temer! Obrigado amiga!

Lucc disse...

Ohhh, que interessante, poxa!
Eu ainda nem cheguei aos 18, mas tenho um certo medo dos 30, haha.

Anônimo disse...

vc é tudo